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Especiais de homologação: das pistas para as ruas

Conheça carros especiais que só existiram para permitir a participação das marcas nos campeonatos de automobilismo

21/01/2016 - Texto: Thiago Moreno / Fotos: Divulgação / Fonte: iCarros

Houve uma época em que era necessário ter um carro vendido para o público caso a montadora quisesse se inscrever nas principais categorias do automobilismo. Assim, para tirar vantagens de novas tecnologias e técnicas mais avançadas, as marcas produziam veículos especiais em pequenas quantidades com a finalidade única de ter a inscrição aprovada. Dessa situação surgiram diversos veículos marcantes e teve até brasileiro nesse meio.

Ford GT40

A história do nascimento do Ford GT40 daria uma novela: em 1963, Enzo Ferrari teria mostrado interesse em vender sua marca para a Ford, mas, no meio das negociações e após a marca do oval azul ter gastado milhões de dólares em auditorias, Enzo cancelou as conversas. Diz a lenda que Henry Ford II, então presidente da marca, ficou enfurecido e ordenou à divisão de competições da Ford a construção de um veículo capaz de superar a Ferrari em corridas de longa distância. Naquela época, elas eram disputadas com veículos enquadrados como “Turismo” pela FIA (Federação Internacional de Automobilismo). Assim, todos os competidores deveriam ser carros de rua, modificados ou não.

O nome GT40 faz alusão à altura do carro, de 40 polegadas (1 metro), e o primeiro modelo começou a competir em 1964. Sem muito sucesso, o projeto foi entregue a Carroll Shelby em 1965. O preparador dos EUA então conseguiu vencer as 24h de Le Mans superando os carros da Ferrari em 1965 e 1966. O Ford GT40 ainda obteve duas vitórias na competição em 1968 e 1969. Nos dois primeiros anos, o carro competiu com motor 7.0 V8 a gasolina que chegava a entregar 485 cv de potência e 65 kgfm de torque. Pesando 908 kg, o GT40 é rápido até hoje.

Dodge Charger Daytona

Em 1969, para ter vantagens nos grandes e rápidos circuitos ovais da NASCAR, a Dodge equipou o Charger com um kit aerodinâmico agressivo e até mesmo visualmente exagerado, com um bico de fibra de vidro e um enorme aerofólio traseiro. Em sua versão mais potente, o Daytona tinha o famoso motor 426 Hemi, um V8 7.0 capaz de entregar 430 cv de potência. Com esse conjunto, o Dodge Charger Daytona era facilmente capaz de ultrapassar os 300 km/h e foi o primeiro carro da história da NASCAR a ultrapassas as 200 milhas por hora de velocidade máxima (320 km/h).

Porém, por serem muito rápidos e ainda baseados em carros de rua, esses modelos foram considerados perigosos demais na opinião dos organizadores da competição. Assim, em 1971, foram impostas diversas limitações como uso de lastros e motores menores para carros como o Daytona, conhecidos como “aero cars”. Praticamente proibidos de competir, os Dodge Daytona tiveram vida curta e apenas 503 unidades da versão de rua chegaram a ser vendidas.

Lancia Stratos

Desenhado por ninguém menos que Marcello Gandini, quem também idealizou os Lamboghini Miura e Countach, o Stratos foi a primeira parceria entre a Lancia e o famoso estúdio de design automotivo Bertone. A ideia era construir um carro vencedor de ralis. As linhas baixas (1,1 m de altura), o curto entre-eixos (2,2 m) e o baixo peso (980 kg) davam as qualidades dinâmicas, o motor 2.5 V6 central-traseiro de 194 cv da Ferrari Dino dava a potência e o característico para-brisas envolvente melhorava a visibilidade para o piloto.

Apesar de o Lancia Stratos ter competido no Mundial de Rali como protótipo em 1971 e em 1972, ele só entrou para a principal categoria da disputa em 1973, quando a marca iniciou a venda ao público do esportivo. No total, 492 unidades do carro foram comercializadas.

Audi Quattro

Aproveitando-se da liberação do uso de tração nas quatro rodas em competições oficiais de automobilismo, a Audi deu início a um projeto de veículo com tais características ainda em 1977. O lançamento da versão de rua e a estreia em competições do Audi Quattro se deram em 1980. O nome é era uma referência à palavra italiana do número quatro e revelava quantas rodas com tração o veículo tinha. Para empurrar o conjunto, o carro utilizou motores 2.1 e 2.2 turbo de cinco cilindros em linha gerando até 450 cv na versão de competição e cerca de 310 cv nas versões de rua.

Como o carro compartilhava diversas peças da carroceria com a configuração cupê do Audi 80, era mais fácil de produzir e mais barato. Porém, o sistema de tração integral cobrou seu preço no peso, pois o Audi Quattro chegou a pesar até 1.350 kg. Mas era superior em pisos de baixa aderência como a neve e o carro foi vitorioso por anos seguidos no Mundial de Rali durante a década de 1980. Mais que isso, a primeira vitória de uma mulher como piloto teve Michèle Mouton a bordo de um Audi Quattro em 1981. Por sua facilidade com peças e melhor aderência em pisos desfavoráveis, o esportivo da Audi foi um dos especiais de homologação mais longevos da história tendo sido fabricado entre 1980 e 1991.

Mercedes-Benz 190E Cosworth

Quando foi lançado em 1982, o Mercedes 190 era o menor carro da marca, mas desde o início a montadora queria levá-lo aos ralis para se aproveitar do peso e das dimensões menores. Porém, nessa época, o Audi Quattro já dominava o cenário e a marca da estrela de três pontas mudou o foco para as corridas do campeonato alemão de turismo, o famoso DTM.

O motor 2.3 16V desenvolvido em parceria com a britânica Cosworth foi originalmente concebido para desenvolver 320 cv nos ralis. Para o DTM, porém, a potência tinha que ser menor e para dar entrada na competição o carro precisava ser baseado numa versão de produção. Assim, em 1983, nasceu o Mercedes 190E 2.3 16V, desenvolvendo 140 cv. Força que era transferida às rodas traseiras por uma transmissão manual de cinco marchas, sendo que a primeira era engatada para trás deixando a segunda e a terceira alinhadas, pois, nas pistas, dificilmente se engata a primeira marcha.

Há uma relação especial entre o 190E e os brasileiros, mesmo que o carro nunca tenha sido vendido oficialmente no Brasil. Foi com ele que, em 1984, um piloto novato chamado Ayrton Senna participou de uma corrida com diversos campeões da Fórmula 1 da época e venceu, mesmo tendo todos os pilotos a bordo de Mercedes 190E idênticos. O carro das fotos é uma das últimas versões do modelo, com motor 2.5 16V e um kit aerodinâmico mais agressivo.

Mercedes-Benz CLK GTR

Se a maioria dos carros da lista até agora pareceriam versões anabolizadas dos modelos em que se baseavam, O Mercedes CLK GTR nasceu com o único intuito de competir na FIA GT1 e na LeMans GT1, os campeonatos de turismo e longa duração mais rápidos em meados dos anos 1990.

Daí as linhas esquisitas do CLK GTR. Tudo foi pensado para uma melhor performance e aerodinâmica. Em 1998, era lançada a versão de rua para homologar a de competição nas disputas. O carro saía de fábrica pesando 1.440 kg e tinha motor 6.9 V12 capaz de entregar 664 cv de potência. O câmbio, como é de costume nas competições, era um manual sequencial de seis marchas. No total, apenas 26 unidades entre cupê e conversível do CLK GTR chegaram às ruas entre 1998 e 1999, quando a produção se encerrou.

Bônus: Fiat Oggi CSS

Não daria para encerrar a lista sem colocar um brasileiro. Lançado em 1984 como modelo 1985, o Fiat Oggi CSS era a versão mais “nervosa” do pacato sedã da marca baseado no Spazio, a última encarnação do 147 no Brasil. Sua missão era permitir à Fiat homologar um carro para participar do Campeonato Brasileiro de Marcas e Pilotos, onde enfrentaria o Volkswagen Voyage, o Chevrolet Chevette e o Ford Escort. Todos com motorização 1.6.

O problema é que naquela época o maior motor que a Fiat produzia era 1.3, então a marca aumentou a cilindrada para 1.4, retrabalhou o cabeçote de forma quase que artesanal, colocou amortecedores melhores e entregou um carro de pouco mais de 850 kg com 78 cv de potência, que chegava a 90 cv nas versões de pista. Para homologar o carro no campeonato, eram necessárias 300 unidades fabricadas para o público. E a Fiat fez exatamente isso: apenas 300 unidades, todas pitadas de preto, fazendo do Oggi CSS um dos clássicos nacionais mais raros.

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