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Jaguar I-PACE: por acaso elétrico | Avaliação

De uma vez só, Jaguar passa a vender no Brasil um modelo que ataca três vertentes importantes para o futuro da marca

14/05/2019 - Texto e fotos: Thiago Moreno / Fonte: iCarros

Quantas vezes você já ouviu falar que o carro elétrico é o futuro? Todas as montadoras dizem, o mercado diz, os governantes dizem, mas sempre pareceram feitos com uma tecnologia que, embora possível, parecia longe da realidade. Não é, e o Jaguar I-PACE mostra isso. A marca passa a oferecer o modelo agora no Brasil, custando R$ 437.000 na versão única que será trazida para cá, a SE.

As primeiras unidades a desembarcarem no país contam com um pacote de opcionais que inclui teto panorâmico fixo, rodas em aro 20 diamantadas e smartphone pack, sistema que permite a sincronização de alguns aplicativos do celular com o veículo. Com esse pacote de opcionais como visto no carro das fotos, o modelo é vendido a R$ 449.190,00.

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Uma dura missão, bem cumprida

Para o I-PACE, ser apenas mais um carro elétrico para aproveitar o hype não bastava. Mais que apenas capaz de usar energias alternativas, o SUV precisava ser utilitário e, acima de tudo, um Jaguar, com todo o luxo e o desempenho que o emblema na grade traz.

Apesar de as proporções parecerem estranhas ao primeiro olhar, viciado por décadas de SUVs com grandes motores a combustão na dianteira, o I-PACE é um prenúncio do que nos aguarda e as vantagens que isso traz.

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Os motores elétricos (sim, motores, um em cada eixo) são bem menores e as baterias ficam no assoalho, possibilitando instalar as rodas bem mais distantes entre si e próximas das extremidades do carro. Assim se maximiza o espaço de cabine e melhora-se a dinâmica do SUV elétrico da Jaguar.

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Tudo o que você vê na carroceria do I-PACE é alumínio, exceto o tampão traseiro, de composto plástico. No visual, o SUV atende a três premissas importantes: parecer moderno, ser extremamente aerodinâmico (o coeficiente aerodinâmico é de 0,29) e ser inconfundivelmente um Jaguar. Só de olhar já dá para dizer: missão dada, missão cumprida.

A parte dos equipamentos

Lá fora, o Jaguar I-PACE será vendido em três configurações: S, SE e HSE. Para o Brasil vem apenas a intermediária SE com o acréscimo de alguns itens que os brasileiros gostam, como o teto panorâmico, rodas de 20 polegadas com design mais esportivo, luzes de neblina e carpetes de tecido.

A versão SE em si já traz equipamentos como faróis de LED com acendimento automático, monitoramento da pressão dos pneus, chave presencial, ar-condicionado de duas zonas com saídas para o banco traseiro, iluminação ambiente, bancos com revestimento sintético, ajustes elétricos e memória de posição para o motorista e o passageiro, tração integral, All Surface Progress Control (uma espécie de controle de cruzeiro para o off-road), assistente de partida em rampa, multimídia com tela de toque e conectividade via Android Auto e Apple Car Play, sistema de som Meridian, controle de cruzeiro adaptativo, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, câmera de ré e visão 360 graus, cabo de carregamento a bordo, seis airbags e alarme.

A parte elétrica

Sob o assoalho do I-PACE está abrigada a bateria do I-PACE, que tem capacidade de 90 kW. Aí fica a conta de padaria. Para carregar, o que importa é o kW/h (aquilo que você paga na conta de luz) de sua tomada. Em nossa rede elétrica caseira, fica-se entre 1 e 2 kW/h. Dividindo um pelo outro, temos o tempo de carregamento. 90 kW a 2 kW/h são 45 horas de carregamento para dar uma carga completa de 0 a 100%. Na vida real, experimentamos um tempo de recarga de 11h para ter 15% de bateria em tomada convencional.

Antes de reclamar, lembre que em um dia típico de trabalho, dificilmente você consumirá mais que 10% de bateria, então 15% enquanto você dorme nem é de todo mal. Além disso, a bateria é como a do celular, não é bom rodar com ela sempre abaixo de 20% nem sempre acima de 80%. Então raramente você esperará mais que dois dias para sair com o carro.

Além disso, nos carregadores públicos instalados em postos, centros comerciais e shoppings, têm-se de 40 a 50 kW/h. Na prática, você consegue cerca de 200 km de autonomia em apenas 40 minutos, menos que o tempo que você vai passar no almoço, por exemplo.

Para carregar é bem simples, basta abrir a portinhola que fica a frente da porta do motorista e plugar a tomada, seja a que vem no porta-malas do carro ou a do carregador público. Uma luz indicará que o carro reconheceu o carregamento e, no painel de instrumentos serão mostradas as seguintes informações: autonomia, carga da bateria e tempo para recarregar até 100%.

Dá para medir consumo como em um carro normal? Até dá. No computador de bordo, atente-se para o indicador em kW/h por 100 km, indicando o quanto de bateria você está usando para rodar 100 km. Quanto maior o número indicado, mais rápido você está drenando a energia da bateria. Em nossos testes, o I-PACE fez cerca de 15 kW/h por 100 km na estrada, enquanto na cidade o número chegou a 24 kW/h por 100 km.

Dados da Jaguar dão conta de que, na rede elétrica brasileira, o tempo de recarga varia. Para fazer a carga de 0 a 80% na tomada de 7 kW/h oferecida pela marca, leva-se 10h. Em uma de 24 kW/h, são 3h, enquanto leva-se 1h30 em tomadas de 50kW/h. Nas tomadas de 100 kW/h, raras no Brasil, tal carga demora 40 min. A Autonomia máxima do I-PACE decalarada pela Jaguar com uma carga completa 

Medidas e ficha técnica

Nas medidas, o Jaguar I-PACE tem 4,68 m de comprimento, 2,01 m de largura, 1,56 m de altura e 2,99 m de entre-eixos. O porta-malas é capaz de abrigar 505 litros. Com os bancos traseiros rebatidos e usando o espaço até o teto, tem-se 1.453 litros.

É bem mais simples falar de motorização de carros elétricos. Só há uma parte móvel para descrever. O I-PACE tem dois motores elétricos instalados um em cada eixo (daí a tração integral) e a potência combinada é de 400 cv, enquanto o torque combinado declarado é de 71 kgfm. Não há um câmbio propriamente dito, o carro opera com uma relação única e direta do motor para a roda e para fazer a ré, inverte-se a polaridade do motor.

Como não tem câmbio, as “marchas” são operadas por botão no console central. Disposição bem mais prática e lógica do que ter uma alavanca de câmbio em um carro que não tem câmbio.

A aceleração de 0 a 100 km/h declarada pela Jaguar para o I-PACE é de 4,8 segundos, com velocidade máxima de 200 km/h. Para se ter uma ideia, o I-PACE é o segundo carro mais rápido em aceleração da Jaguar, perdendo apenas para o F-Type V8 AWD.

Como rodamos 300 km de I-PACE sem medo de ficar sem bateria

O iCarros teve a oportunidade exclusiva de participar de um dos últimos testes do I-PACE no Brasil. A Jaguar queria testar em situação de mundo real a autonomia das baterias. Para tal, chamou seus pilotos de teste, profissionais de produto e nós para saber até onde o elétrico conseguia chegar de verdade sem zerar a autonomia.

Fomos três em um carro, dois em outro e a missão era sair da região Sul da capital paulista rumo ao litoral norte. Primeiramente parando em Riviera de São Lourenço (SP). Dependendo da quantidade de carga nas baterias, esticaríamos até Juqueí (SP) e então retornaríamos.

Painel mostrando 100% de carga, 449 km de autonomia, partimos. As premissas eram bem simples: rodar normalmente. Modo normal de condução, ar-condicionado e rádio ligados e velocidade máxima da via com equipamentos no porta-malas e ocupantes fazendo lastro.

Na rodovia dos Imigrantes, a 120 km/h, estávamos perdendo cerca de 10% de bateria a cada 30 km. Normal para elétricos, onde quanto maior a velocidade, mais a bateria perde carga. Chegamos à Riviera com bateria de sobra, apesar dos baixíssimos e inconsistentes limites de velocidade das malcuidadas estradas litorâneas e as diversas lombadas (eletrônicas e físicas) terem forçado diversas desacelerações e acelerações. Tirar qualquer veículo da inércia é a situação em que se gasta mais energia.

Com bateria o suficiente, tocamos até Juqueí confiando na marcação de autonomia que o carro provia. Chegamos lá com cerca de 60% de bateria restante nos Jaguar I-PACE. A volta, subindo a Serra do Mar pela Rodovia dos Imigrantes, sempre judia mais de qualquer carro. No elétrico, sempre com torque instantâneo, foi quase brincadeira de criança. Sem hesitações e com fôlego de sobra para querer “empurrar” o tráfego serra acima.

Ao final do teste, rodados cerca de 315 km, um dos carros marcou 15% de bateria restante e outro, 19%. Assim, pode-se dizer com certeza que no Jaguar I-PACE pode-se rodar tranquilamente mais de 300 km normalmente, sem nenhuma preocupação em ter que poupar baterias de qualquer forma e ainda sobrando carga para se ter uma margem de segurança.

Então, se a pergunta foi “como rodamos 300 km sem ficar sem bateria”, a resposta é a mais óbvia possível: “sem fazer nada diferente”.

É no silêncio de um ch.. Carro Elétrico

Mesmo tendo andado primeiramente de carona no Jaguar I-PACE, já deu para perceber alguns pontos do SUV elétrico da marca. Primeiro, o espaço interno. Com baterias no assoalho e motores pequenos instalados nos eixos que ficaram bem afastados entre si, a quantidade de espaço que se tem disponível dentro do I-PACE é digna de SUV grande.

Apesar de que tal disposição do trem de força deixou as proporções do I-PACE diferentes aos nossos olhos treinados pela combustão interna, o visual do SUV elétrico da Jaguar é bem melhor ao vivo que nas fotos, pois, como dito acima, é inconfundivelmente um Jaguar, claramente um SUV e com os toques certos de modernidade para mostrar que este não é um carro qualquer.

Outro ponto muito importante é o conforto interno ao rodar. É bem mais difícil deixar um carro elétrico silencioso na estrada. Sem o motor a combustão para abafar boa parte dos ruídos, a missão do isolamento acústico é bem mais complicada. Mas pode ficar tranquilo que, a velocidade de estrada, nenhum ruído chega à cabine e a experiência é somente quieta e confortável.

Ajuda na experiência o teto panorâmico, a que aumenta a sensação de amplitude da cabine. Mas, sem cortina de fechamento, poderia se tornar incômodo rapidamente. No entanto, a peça possui tratamento não só para filtrar a luz do Sol como o calor e, na real, é bem difícil notar que o teto está sempre aberto ao menos que você olhe para cima.

Cerca de uma semana depois, foi a hora de finalmente guiarmos o I-PACE e, apesar de o tempo com o carro ter sido bem curto, impressionou. Atrás do volante, o SUV elétrico da Jaguar é mais impactante do que na carona. Aliás, o volante em si é lindo e gostaria de vê-lo em mais modelos da Jaguar.

Primeiramente a suspensão. Como um carro elétrico costuma ser bem pesado por conta das baterias, é difícil evitar que ele bata seco nos buracos, chegando ao fim de curso. No I-PACE, conforto digno de Range Rover, e dos caros. Com o centro de gravidade baixo e tração integral, ainda não consegui achar os limites de aderência do SUV. Percebe-se um pouco de rolamento nas trocas de direção, até mesmo porque as respostas do volante são bem rápidas, mas é bem menos que em um SUV de mesmo porte.

Agora sim, a parte mais legal do I-PACE: a propulsão elétrica. Imagine um carro que bate a aceleração de todos os carros a combustão da Jaguar, exceto o esportivo F-Type V8 AWD. Agora imagine que, ao dar com o pé fundo no acelerador, não há barulho, hesitação, ou sequer aviso. Em um momento você está de boa e, no outro, quase perdendo sua habilitação. Essa é a aceleração do SUV. Os desavisados que andaram de carona relataram até dor no pescoço. Efeito colateral da aceleração brutal do I-PACE sobre o corpo humano.

No trânsito urbano e passada a empolgação com a aceleração de outro mundo do SUV elétrico da Jaguar, o que fica? Primeiramente um pouco de ansiedade pela autonomia. Já que o tempo de carregamento ainda é uma questão para os elétricos, no primeiro dia você se pega constantemente checando sua bateria e desligando o ar-condicionado para ter mais autonomia.

Depois você se acalma e vê que em um dia típico de trabalho, indo e voltando em um percurso de cerca de 20 km com trânsito, você gastará menos de 10% de sua carga. Então não só você não vai precisar carregar todo dia, como ficará dias sem precisar carregar.

Ajuda na autonomia também o sistema de freio regenerativo, com ênfase em “freio”. Em termos simples, se você não está acelerando, o motor elétrico se transforma em gerador e ajuda a recuperar um pouco da energia gastar em frenagem. Só que no I-PACE, se assim você quiser, ele pode ser o seu freio principal, pois ele segura bastante o carro até praticamente uma parada total.

Por exemplo, sabe aquela frenagem antes de uma lombada? Você não precisará sequer tirar o pé do acelerador. basta aliviar o pé direito que o regenerador já entra e se tem uma parada quase que total. Sabendo usar, vira uma condução com apenas um pedal.

Conclusão

O Jaguar I-PACE pode não ser a pechincha do século, mas tecnologia se barateia com o tempo. O que não dá para justificar são as marcas que ainda não entraram na onda dos elétricos por aqui, pois, querendo ou não, são o futuro.

Palmas para a Jaguar não só por já estar na vanguarda dessa tecnologia, como também por trazê-la para o Brasil. Mais palmas ainda por terem a sensibilidade de desenvolver um carro que funciona perfeitamente com um SUV, tem o luxo e desempenho de qualquer Jaguar e, ainda assim, faz a parte do carro elétrico perfeitamente. E sim, ele é o carro elétrico com a maior autonomia disponível para compra no Brasil.

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