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Se o Range Rover Evoque era forma, agora tem conteúdo

Nova geração do SUV estiloso da Land Rover pode ter se inspirado no Velar, mas ainda é um carro único no segmento

26/03/2019 - Texto: Thiago Moreno, de Atenas (GRE) / Fotos: Thiago Moreno e Divulgação / Fonte: iCarros

Direto aos fatos: a nova geração do Range Rover Evoque, já como linha 2020, chegarão ao Brasil incialmente importados. Serão duas configurações de motorização nesse primeiro momento, P250 flex (cerca de R$ 270 mil) e P300 a gasolina (cerca de R$ 320 mil). Ambas com motor 2.0 turbo, câmbio automático de nove marchas e tração integral. Mas os fatos contam apenas um pequeno pedaço da história.

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Contexto

O Land Rover Range Rover Evoque (sim, esse é o nome inteiro) foi lançado em 2011 e, até o ano passado, vendeu quase 800 mil unidades. Na época, revolucionou com seu visual de SUV “acupezado” que virou tendência no segmento e tirou a marca de seu nicho de jipões quadradões e utilitários.

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Agora o jogo virou. Quem dita as regras visuais da família Range Rover (os modelos mais ousados e luxuosos da Land Rover) é o Velar. Tanto que ninguém vai te julgar caso você confunda o Evoque em alguns ângulos como o Velar.

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No entanto, um dos desafios da Land Rover, principalmente da área de design, era trazer essa nova cara familiar da Range Rover Evoque, assim como o conforto, capacidade off-road e acabamento, para o seu SUV de entrada. E conseguiram.

O que mudou com a nova geração?
Plataforma

Um dos principais pontos da nova geração é a plataforma PTA (Premium Transverse Architecture). Ela emprega uma maior quantidade de aços de alta resistência, mas não apenas para deixar o carro mais leve e rígido, 13% mais rígido para ser exato. A ideia era também permitir um certo grau de eletrificação, aumentar o espaço interno sem aumentar o tamanho do carro e deixar o Evoque mais confortável.

Na antiga geração, o visual mandava. Para ocupar as grandes caixas de roda, eram usadas grandes rodas com pneus de perfil baixo, mas, ao mesmo tempo, as cargas de molas e amortecedores eram altas, para que o SUV não rolasse demasiadamente em curvas. O resultado era um carro duro na buraqueira, por falta de adjetivo melhor.

Suspensão

Agora não. Na dianteira, o conjunto McPherson teve a carga de molas e amortecedores reduzida e adota-se um conjunto multilink na traseira. Graças ao último, foi possível aumentar o porta-malas em 10% sem alterar muito as medidas do carro.

E só foi possível diminuir a carga nas molas porque a carroceria é mais rígida. Nos pontos de fixação dos amortecedores, por exemplo, chega ser três vezes mais resistente que a geração atual.

Outra medida para melhorar o conforto, uma vez que as opções de roda começam em 20 polegadas, foi a adoção de buchas hidráulicas no braço de controle inferior da dianteira. Essa peça permite ter uma absorção melhor dos impactos pequenos, mas de alta frequência, como ruas de paralelepípedos, por exemplo.

Visual

Na parte visual, a silhueta lateral, com o perfil “acupezado” e a linha de cintura ascendente com o teto em cor contrastante (moda lançada pelo Evoque, aliás), continua lá. O que mudou foram a dianteira e a traseira.

Na frente, o para-choque está mais arredondado e usa uma grade fina com faróis bem afilados, marca registrada dos Range Rover mais novos. Na traseira, o conjunto de lanternas afiladas e interligadas lembra muito a solução adotada no Velar, assim como as maçanetas de porta retráteis.

Acabamento

Um dos poucos defeitos que se podia apontar no antigo Evoque, era seu acabamento. Não era difícil encontrar plásticos rígidos e peças nem tão bem montadas assim. Com muitas quinas e superfícies retas, o SUV sofria com ruídos de vento na estrada.

A história agora é completamente outra. Parece até que a Land Rover lembrou que o Evoque pode ser a porta de entrada, mas ainda é um Range Rover. A versão testada pelo iCarros foi a R-Dynamic P250 de especificação europeia. Nela, permaneço sem ter encontrado uma peça mal montada ou uma escolha de material incondizente com seu preço estimado, mesmo após 11 horas ininterruptas ao volante do SUV pelas estradas gregas ao redor de Atenas.

As rodovias de lá obviamente são muito melhores que as nossas, mas ruins para os padrões europeus. Mesmo assim os limites de velocidade não raramente eram de 130 Km/h. E mesmo nessa velocidade infelizmente ilegal em todo o Brasil, não houve ruídos de vendo ou vindos do pneu dignos de nota.

Mas ainda é um Land Rover e não ficamos apenas no asfalto.

Mais Land Rover do que nunca e um Range Rover ainda melhor

O teste-drive organizado pela marca na Grécia propositalmente nos colocou em diversas situações inusitadas para as pitorescas paisagens gregas entre as regiões de Corinto e Peloponeso.

Passou-se por leitos de rios, pequenas estradas de serviço a caminho de uma usina eólica no topo de uma montanha e até mesmo sobre trilhos trem. Sim, pode fazer a piada como “parece que anda como se estivesse sobre trilhos”.

Nada remotamente ligado à imagem que nós, brasileiros, temos da Grécia. Parecia que a Land Rover estava orgulhosa de seus feitos com o Evoque e não era sem motivo. Não dá mais pra chamar o Evoque de “SUV de shopping”.

Claro que esse pode ser o destino da maioria dos carros nos grandes centros, mas para a minoria que não tem medo de quando o asfalto acaba, verão que esse pequeno Range Rover ainda é um Land Rover daqueles que não dão vergonha a um rústico Defender.

Claro que haviam algumas limitações. A versão R-Dynamic testada tinha para-choques mais agressivos, que diminuíam os ângulos de ataque e de saída. Mas não importava o que jogava em cima do Evoque, ele permanecia impassível.

Parte do mérito é do Terrain Response 2, item de série na maioria dos Land Rover atuais. É ele que calcula como o carro deve atuar conforme a situação. Vale lembrar que a unidade testada não tinha caixa de redução nem bloqueio de diferencial, e subiu todas as pirambeiras de pedra, terra e cascalho (e alguns rios) sem atrapalhar o ambiente calmo do típico chá das cinco britânico que impera na cabine.

Confesso que olhei para os obstáculos e torci o nariz para o Evoque. Confesso também que saí surpreendido.

Mágica? É isso que a Land Rover fez? Não, ao melhor mote de comercial de TV, “não é feitiçaria, é tecnologia”. E são inúmeras as inovações para o Evoque, mesmo que elas nunca entrem em atividade.

Por exemplo, na Europa, SUV pode ter suspensão adaptativa e um controle ativo do eixo cardã e do bloqueio do diferencial traseiro. Há também um software que agrega as câmeras frontal e traseira para criar uma visão do que está passando sob o carro, muito útil naquelas subidas tão íngremes que você enxerga apenas o capô e o céu.

Sabe o controle de descida, aquela espécie de piloto automático para descer terrenos íngremes? Obviamente o Evoque tem, só que não para aí. Ele tem algo chamado “All-Terrain Progress Control”. Ele não só é um piloto automático para as descidas, como também para as subidas no off-road. Uma ajuda sem igual para aqueles não têm experiência alguma na terra. Ele funciona a baixas velocidades e tudo o que motorista precisa fazer após configurar um ritmo é esterçar o volante. O carro se vira com o resto.

Falando em tecnologia, precisamos voltar para o lado Range Rover da coisa. FINALMENTE o Evoque traz Apple Car Play e Android Auto em sua central multimídia, que agora não está mais sozinha como única tela de toque do carro. Logo abaixo há mais uma tela de controle do ar-condicionado e do Terrain Response, além de atalhos para outras funções. Mais uma inspiração vinda do Velar.

Mas algo que você não encontrará ainda no Velar é a câmera no espelho. A solução não é inédita, o Chevrolet Bolt já faz o mesmo. Mas o Evoque dispõe de uma segunda câmera na traseira, curiosamente instalada atrás da antena do teto, que faz as vezes do retrovisor interno.

Funciona assim: suponha que você está levando pessoas altas no banco traseiro. Isso inutilizaria o espelho. Aí basta acionar um botão sob a peça para ativar a câmera traseira que é projetada por lá, dando uma visão similar e desobstruída.

Aí tem-se também disponíveis alguns sistemas de auxílio à condução no asfalto, como assistente de permanência em faixa, controle de cruzeiro adaptativo, monitor de atenção do condutor e frenagem autônoma de emergência.

Após várias páginas, ainda há o que falar do Evoque? Sim, muito mais inclusive. Mas tudo depende do carro que chegará de fato ao nosso país.

Evoque é híbrido leve, na Europa

Agora a motorização. Como dito acima sabemos de duas motorizações para o Brasil: 2.0 flex de 250 cv, o mesmo do atual Evoque, e o mesmo 2.0 apenas a gasolina com 300 cv, nada de eletrificação. A questão é, nos mercados europeus, o SUV será equipado em todas as versões exceto a mais básica com um sistema híbrido leve.

Pense no EQ Boost da Mercedes. No Evoque, há um motor elétrico ligado ao virabrequim por meio de correia que faz as vezes de motor de partida, alternador e para dar aquela forcinha ao motor a combustão nas arrancadas, fase em que o 2.0 é menos eficiente. Sozinho, acrescenta até 14 kgfm de torque e funciona a velocidades de até 17 km/h. No entanto, não há modo puramente elétrico.

A ideia é ajudar o carro a ser mais eficiente e menos poluidor nas saídas de farol, fase em que o motor a combustão é ineficiente. Tal motor elétrico é alimentado por uma bateria de 48V que fica sob o assoalho, abaixo do banco do motorista.

Então é difícil avaliar como o Evoque se comportará no Brasil em termos de motor, câmbio e consumo sabendo que o conjunto será bem diferente por aqui. No carro que andamos, era notável o vigor nas saídas, mas não se notava o start/stop funcionando, graças ao auxílio do motor elétrico. O câmbio ainda hesita quando se pede respostas rápidas, mas usando como uma pessoa normal, é uma transmissão bem suave e conveniente.

Detalhe: a nona marcha só é engatada após os 117 km/h. A 130 km/h, lembrem-se que esse é o limite da Grécia e eu não estava correndo, o conta-giros marcava pouco mais de 2.000 rpm. No circuito misto pirambeira/estrada a 130 km/h, o consumo com gasolina pura e europeia ficou na casa dos 9,5 km/l.

O mercado europeu ainda receberá até o início de 2020 uma versão híbrida de verdade, com um motor elétrico extra no eixo traseiro. Tanto o híbrido leve quanto o de verdade ainda “estão sendo estudados” para o Brasil. Como nosso país não é sensível a consumo de combustível, ao menos não para o segmento de SUVs premium, trazer um caro sistema híbrido para um carro que não será tão barato, pode não valer a pena. Só o tempo dirá.

Medidas similares, resultados diferentes

Nas proporções, o Evoque não parece ter mudado muito. Os números contam uma história diferente. Nas medidas, o novo Range Rover tem 4,37 m de comprimento, 1 ,65 m de altura, 1,90 m de largura e 2,68 m de entre-eixos. O porta-malas tem 591 litros, 10% a mais que a geração atual.

A Land Rover declarou o peso do carro em 1.893 kg para o carro que andamos. E fez questão de salientar as medidas que importam no off-road. O de ataque é 25º, exceto nas versões R-Dynamic, que têm 20,8º). O de saída é de 30,6º. O de breakover, aquele que mede se o assoalho raspa ou não no chão após subir uma rampa, é de 20,7º. Outro número importante é o de profundidade de mergulho. O novo Evoque passa sem problemas por superfícies alagadas de até 600 mm (60 centímetros) de profundidade.

Equilibrando forma e conteúdo

Considerando tudo, é bem difícil encontrar um defeito no Evoque. Talvez o calombo do cluster de instrumentos que se destaca não de uma maneira positiva no painel e o preço que será bem puxado por aqui. Mas só. Tem mais espaço interno, muito mais conforto, muito mais acabamento e, de tecnologia, vou só dizer que tudo que escrevi até agora, todas as páginas, não dão metade das inovações do carro.

E mesmo no off-road, algo que um dono ou dona típico de Evoque nunca fará, é um legítimo Land Rover com o auxílio da tecnologia.

Quando o Evoque foi lançado em 2011, seu design era tão icônico que a única coisa que pensava era “esse aí vai dar trabalho pra fazer o facelift”, assim como o Fiat 500. Então a Range Rover consegue manter o visual que o destacou, colocar a cara da família, trazer o carro para um novo mundo de qualidade de construção e acabamento e ainda assim achou tempo para lembrar que o Evoque ainda é um Land Rover e não pode fazer feio na terra. A única coisa que posso dizer depois de tudo isso é: parabéns.
 

 

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