Captiva e CR-V disputam na cola do Tucson
Utilitários têm mesma faixa de preço, perto de R$ 90 mil, mas propostas de uso são diferenciadas
10/09/2010 - Texto e fotos: Anelisa Lopes / Fonte: iCarros
“Se não pode com o inimigo, junte-se a ele”. Dois mexicanos, mesmo segmento, preço na casa dos R$ 90 mil, concorrentes da Honda e da Chevrolet. Unidos contra o Hyundai Tucson para tirar dele o posto de líder de vendas entre os utilitários médios. Enquanto a sul-coreana vendeu 21.280 unidades entre janeiro e agosto do SUV que passou a ser montado no Brasil, CR-V e Captiva caminham lado a lado para chegar perto do rival, com 10.886 e 8.871 modelos, respectivamente, comercializados neste mesmo período.
Avaliados individualmente, percebe-se que o uso do CR-V e do Captiva atende a públicos diferentes. Enquanto um é voltado para o conforto urbano, o outro atende quem carrega bagagem para ganhar as estradas. E por que vendem quase metade do volume do Hyundai? À primeira vista, pelo fato de custarem pouco mais de R$ 16 mil nas versões correspondentes. Neste comparativo, o iCarros mostra os prós e contras de cada modelo, mas quem decide a compra, conforme a necessidade de uso, é você.
Honda CR-V LX 2.0 16V
Preço: R$ 88.410
Motorização: 2.0 16V SOHC i-VTEC a gasolina
Potência e torque: 150 cv a 6.200 rpm / 19,4 mkgf a 4.200 giros
Transmissão: automática de cinco velocidades
Tração: dianteira
Porta-malas: 1.011 litros
Principais equipamentos de série: direção elétrica progressiva, trio elétrico, ar-condicionado, airbag duplo, freios ABS, piloto automático, CD player com MP3 e rodas de liga leve de 17 polegadas
Unidadades vendidas entre janeiro e setembro: 11.197
Quando a Honda passou a trazer o modelo mexicano em vez do japonês para o Brasil, em 2008, a isenção de imposto de importação e consequente queda no preço alavancaram as vendas do CR-V desde então. Para a linha 2010, o modelo recebeu alguma perfumaria, tanto no acabamento como na carroceria, o que deixou o conjunto ainda mais harmônico, com um certo apelo futurista.
Estética atraente e boa dirigibilidade. O que assusta, no entanto, é o valor do CR-V, cuja versão de entrada LX, começa em R$ 88.410, com menos equipamentos que o Captiva. Para justificar o preço, o comprador pode mirar no acabamento, na confiabilidade da marca e no espaço interno/porta-malas disponível.
Em relação à dirigibilidade, a direção elétrica torna a condução leve e a posição do câmbio, bem à mão do motorista, facilita a mudança de posição da alavanca, que pode variar do modo drive para primeira e para a segunda marcha. Um pouco menor em comprimento, largura e altura que o Captiva, o CR-V oferece mais agilidade para se movimentar e mais facilidade para ser manobrado.
Os 150 cv de potência atendem às expectativas de quem trafega pela cidade. E conjunto com o conjunto da suspensão, cujo acerto tende a ser mais rígido que macio, não deixa que o motorista se canse ou fique sacolejando nos congestionamentos. Quando carregado, o CR-V mostra mais morosidade para caminhar. Isso não classifica o motor como fraco, mas um pouco mais de força, em função da capacidade de carga do carro, faria bem para quem gosta de encher o porta-malas e ganhar as estradas.
A vocação do CR-V, no entanto, é urbana. Prova disso é o esmero no acabamento e o conforto oferecido a bordo, com diversos porta-objetos, inclusive, o espaço normalmente ocupado pelo câmbio/freio de mão (acionado por pedal), permite acomodar objetos maiores.
Chevrolet Captiva Ecotec 2.4 16V
Preço: entre R$ 87.425 e R$ 90.425, conforme o catálogo escolhido
Motorização: 2.4 16V DOHC a gasolina
Potência e torque: 171 cv a 6.200 rpm / 22,2 mkgf a 5.100 giros
Transmissão: automática de quatro velocidades com opção de trocas sequenciais
Tração: dianteira
Porta-malas: 821 litros
Principais itens de série: direção hidráulica, trio elétrico, ar-condicionado, seis airbags, freios ABS, limitador de velocidade, controle de estabilidade e tração, monitoramento de pressão dos pneus, farois de neblina, CD player com MP3 e rodas de liga leve de 17 polegadas
Unidadades vendidas entre janeiro e setembro: 9.040
Lançado em 2008, o Captiva sepultou o único utilitário que a Chevrolet tinha em linha, o Blazer, vendido agora somente para frotistas. O preço do modelo, mais convidativo, em função da lista de equipamentos mais extensa, varia conforme a configuração escolhida. Além da opção 2.4 Ecotec, o Captiva também é oferecido com motor 3.6 V6, com tração 4x2 e 4x4.
A aparência robusta de fora (maior, exige mais cuidado nas manobras e mais espaço para ser estacionado) se contrapõe ao espaço reduzido no porta-malas. De qualquer maneira, o carro possibilita rebatimento dos bancos para melhor aproveitamento do espaço e leva até cinco ocupantes com comodidade. Na posição do motorista, não há como não perceber o volante de grandes dimensões, um pouco exagerado até. O freio de mão tem um desenho diferenciado e pede menos esforço na hora do manuseio.
Opção mais econômica que a V6, a motorização 2.4 ganha em 20 cv do 2.0 do CR-V, mas dispõe de apenas 2,8 mkgf de força a mais que o concorrente. Mais pesado, o Captiva exige mais pressão no pedal do acelerador para sair da imobilidade ou fazer ultrapassar. Na estrada, a velocidade final, no entanto, é alcançada com mais facilidade em função da cavalaria maior. O conjunto da suspensão é mais macio que o do CR-V, mas não chega a incomodar quando passa por buracos.
No computador de bordo, o consumo instantâneo de gasolina foi de 6 km/h, em trajeto urbano. Falando em painel, ponto negativo para a rebarba de plástico das alavancas de seta e limpador do para-brisa, que não combinam com o bom acabamento do console.
Veredicto de Anelisa Lopes: conforme falado no início do texto, os dois modelos, apesar de pertencerem a uma mesma faixa de preço, atendem a públicos diferentes. CR-V e Captiva são bons exemplos que diferenciam o crossover do utilitário: enquanto o primeiro aparenta ser um SUV, mas conquista pelo conforto e dirigibilidade de um carro de passeio para trafegar na cidade, o segundo tende a atender aqueles que precisam de um modelo mais robusto para trajetos rodoviários.
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