Volkswagen Golf Variant: SUV pra quê?

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Golf Variant Comfortline custa R$ 97.020

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Linhas são mais agradáveis

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Espaço interno é similar ao de um SUV, mas o porta-malas é maior

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Acabamento é o mesmo do Golf hatch

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Quantos SUVs compactos que você conhece têm saída de ar para o banco traseiro?

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Porta-malas tem 605 litros

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Rebatimento dos bancos pode ser feito pelo porta-malas

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Espaço de sobra para itens mais volumosos

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Motor 1.4 turbo "sobra" na perua

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Mas o câmbio Tiptronic não acompanha

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Minimoto, escapamento completo, muitas peças e até um ventilador. Espaço há de sobra

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Variant ao lado da minha Parati. A evolução é grande, mas a proposta ainda é a mesma

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Talvez essa década fique marcada pela ascensão dos SUVs e crossovers compactos, que cresceram às custas das peruas, minivans e até alguns sedãs e hatches médios. Aceito que o público quer uma posição mais elevada para dirigir e maior robustez para nossas castigadas vias. Não aceito, porém, que as peruas sejam ignoradas. Mesmo hoje, com poucas opções, elas vão servir tão bem sua família quanto serviram nas décadas passadas aos seus pais e avós. E, no caso da Golf Variant Comfortline avaliada pelo iCarros, há vantagens bem palpáveis sobre os SUVs.

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Mea Culpa

Nunca tive problemas em indicar SUV para os que me pedem (constantemente) conselhos do tipo “que carro eu compro”, basicamente porque eu acredito que o melhor carro para você é o que lhe convir mais. Cabe a nós aqui no iCarros compartilhar nossas experiência com os veículos para auxiliar a sua escolha. Mas se você for à minha garagem pessoal agora vai achar uma VW Parati 1995 duas portas. Então, sim, eu gosto de peruas. Estejam avisados.

O que a Variant traz?

Por uma feliz coincidência, a Golf Variant avaliada trazia no documento a designação CL, assim como a minha Parati, mas designando “Comfortline”, a linha de entrada do carro. Mesmo assim, tem de série sete airbags (frontais, laterais de cortina, laterais de banco e de joelho para o motorista), controles de tração e estabilidade, assistente de partida em rampa, direção com assistência elétrica, ar-condicionado, acionamento elétrico de vidros, travas e espelhos retrovisores, rodas de 16 polegadas e tela central multimídia sensível ao toque de 6,5 polegadas com conectividade via Bluetooth e USB.

Então já pode marcar aí no caderninho: Golf Variant Comfortline (R$ 97.020) 1 x 0 Honda HR-V Touring (R$ 105.990). O SUV fica devendo o airbag de joelho para o motorista na comparação com a perua, além de ser R$ 8.970 mais caro.

Mas vale ser claro: o carro avaliado estava com R$ 16.461 de opcionais. Sendo que só o teto solar panorâmico custa R$ 6.200. O restante dos itens inclui rodas de 17 polegadas, cental multimídia com espelhamento de smartphones via Android Auto e Apple Car Play, sensores crepuscular e de chuva, espelho interno eletrocrômico e piloto automático. Preço final? R$ 107.281.

Confira todos os equipamentos da Golf Variant

Nas medidas, mais algumas vitorias para a Variant, sendo 4,56 m de comprimento, 1,79 m de largura, 1,48 m de altura e 2,63 m de entre-eixos. O peso é de 1.327 kg. Até aí, tudo mais ou menos parecido com qualquer SUV compacto, até chegar ao porta-malas de 605 litros da perua, que é difícil de igualar. Os bancos ainda podem ser rebatidos também pelo porta-malas, formando um assoalho plano (vide a penúltima foto da galeria).

Veja a ficha técnica completa da Golf Variant

Mecanicamente, pode parecer até a descrição do Chevrolet Tracker, que tem um dos motores mais avançados entre os pequenos SUVs: 1.4 turbo flex com injeção direta de combustível e câmbio automático de seis velocidades, mas ainda é a Golf Variant, que entrega 150 cv de potência e 25,5 kgfm de torque seja com etanol ou com gasolina. O Tracker tem um pouquinho mais de potência (153 cv), mas o torque com etanol ou gasolina é sempre menor, 24,5 kgfm e 24 kgfm respectivamente. Diz a Volkswagen que sua perua, com etanol, acelera de 0 a 100 km/h em 9,1 segundos e tem velocidade máxima de 207 km/h (e). É 1,1 segundo mais lenta que o esportivo Renault Sandero RS, por exemplo.

Extinção por motivos externos

Há uma campanha na internet chamada “#savethewagons”, ou “salvem as peruas”. E, de fato, sua extinção está chegando. Volte 20 anos no tempo e lembre quantas existiam: Parati e Quantum na VW, Ford Escort SW, Fiat Elba (depois Palio Weekend), Chevrolet Ipanema, só pra começar. Hoje? Abaixo de R$ 100 mil apenas a Golf Variant e a Weekend.

Os compradores demonstraram interesse pelo espaço interno maior das minivans e pela maior aparência de robustez aliada a uma posição elevada de condução dos SUVs. Foi exatamente isso que receberam. Se no início dos anos 2000 havia apenas o Ford EcoSport como SUV compacto, hoje esse número já beira dez.

Do que eu dirigi, o que mais me agradou na Variant foi a qualidade de rodagem. Silenciosa, macia, estava sempre um degrau acima em relação ao que eu esperava. Peguei estrada a 120 km/h com o teto solar aberto e nem isso incomodou a viagem. Com tudo fechado, silêncio absoluto.

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Mas não confunda conforto com falta de apetite para as curvas. Num SUV, você paga o preço da posição mais elevada com um centro de gravidade alto, o que gera rolamento da carroceria nas mudanças de direção. Para corrigir esse comportamento, é preciso deixar o conjunto de suspensão mais firme, aí o SUV não rola, mas fica firme demais na buraqueira.

Na Variant, as curvas são feitas como em qualquer outro Golf: de forma precisa e controlada. Dificilmente você atinge os limites dinâmicos do carro em vias públicas. Você pode provocar a traseira, tentar acelerar antes da hora para ver se a frente escapa, mas não adianta. Na perua você fica mais baixo e no controle.

Os 150 cv do motor podem não parecer muita coisa, mas se você der pé após as 1.500 rpm o carro vai saltar em consequência da turbina enchendo. De novo, muito parecido com o Golf hatch. Com gasolina, atingi média de consumo de 11 km/l rodando na cidade, mérito do sistema Start/Stop. Na estrada, fiz 14,5 km/l. Aí entra outra vantagem da perua: mais baixa que um SUV, ela acaba tendo uma aerodinâmica um pouco melhor, o que reflete no consumo mais comedido.

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Pra quem achou o consumo rodoviário meio elevado, na primeira perna da viagem que fiz entre a capital paulista e Jundiaí (SP) eu não tive muito em mente a economia, até porque a 120 km/h o carro roda a 2.000 rpm com fôlego para (hipoteticamente, claro) andar muito mais rápido. Na volta, eu vim carregado com algumas tralhas da mudança de um amigo. Ponham na conta aí: duas maletas de ferramentas, um escapamento de moto grande, um ventilador de teto, uma caixa com peças sobressalentes de motor e uma minimoto. Não fosse o escape comprido e a minimoto, não precisaria nem rebater o banco traseiro. Sobrou muito espaço.

E esse foi o aspecto que mais me agradou na Golf Variant: ela levou carga melhor que a minha Parati e, uma vez descarregada e com os bancos no lugar, nem parecia que eu tinha feito um frete. E, particularmente, eu prefiro a silhueta mais baixa e comprida das peruas. Acho mais esportiva que nos SUVs. Essa modularidade toda você pode ter com qualquer SUV. Linhas mais harmoniosas e dirigibilidade mais aguçada, nem sempre.

Confira o que os donos de VW Golf Variant têm a dizer

Porém, nem o meu mais ferrenho amor por peruas me deixou ignorar o câmbio automático. Dá um descanso para o pé esquerdo, sim. É confortável, sim. Tem borboleta atrás do volante, sim. É melhor que o DSG de dupla embreagem que havia antes? Absolutamente não. O câmbio Tiptronic da linha 2017 é mais lento nas respostas e não raramente dá um tranquinho para te lembrar que ele está lá.

Por favor, considere uma perua

O SUV vai te deixar, sim, mais alto e vai mesmo passar por uma valeta aqui ou um buraco aqui com menos problemas que uma perua. Mas espero ter provado aqui que, se além de um carro versátil e seguro para a família, você também quiser um comportamento mais esportivo e linhas mais agradáveis ao olhar, a VW Golf Variant vale tanto uma segunda chance quanto qualquer SUV em sua faixa de preço.

P.S.: a nota média da Golf Variant na opinião dos donos aqui no iCarros é 9,3. Do Honda HR-V, 8,6.

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