03/02/2020 - Fernando Calmon / Foto: Divulgação / Fonte: iCarros
No entanto, algumas sérias deficiências em metrópoles gigantescas como São Paulo, estão longe de encontrar justificativas. Um exemplo é o programa de semáforos coordenados (Semco) iniciado no final de 1996. Ele permite a criação da “onda verde”, ou seja, os sinais vão mudando de vermelho para verde desde que todos os veículos se mantenham dentro da velocidade média permitida. O Semco não teve as ampliações necessárias, nem manutenção regular, causando grande frustração.
Uma das maiores causas de estresse é o motorista arrancar e encontrar o próximo semáforo mudando de verde para vermelho, mesmo sem nenhum pedestre para atravessar na faixa ou trânsito vindo da rua transversal. Ele para, espera, acelera e encontra a mesma situação 100 metros adiante. O Semco nas cidades brasileiras poderia lidar melhor com essa situação, porém faltam decisões. Até mesmo sinais convencionais não são bem cuidados. Há pelo menos uma pane, em média, a cada 50 minutos na cidade de São Paulo. Se chover muito, piora.
Novas tecnologias, contudo, entregam soluções eficientes e mais baratas, dispensando, por exemplo, o corte do asfalto para instalação de laços indutivos que exigem manutenção periódica. Em vez disso, câmeras modernas podem fazer a detecção de veículos e extração das informações apenas pela imagem. Unindo softwares e o conceito de processamento de borda (dando mais poder aos equipamentos e utilizando de forma eficiente os meios de comunicação), é possível promover uma pequena revolução na engenharia de tráfego.
Essa é a opinião de Ian Robinson, engenheiro eletricista e gerente de marketing na Pumatronix, empresa brasileira de alta tecnologia que fabrica e desenvolve soluções para ITS (sigla em inglês para Sistemas de Transporte Inteligentes). Ele complementa:
“O que se observa diante de um congestionamento? Para muitas pessoas, são apenas veículos. Mas, ITS permite conhecer mais sobre o tráfego e os próprios carros. Algoritmos especializados podem “ler” quantos veículos estão presentes na imagem, qual a categoria (moto, ônibus, caminhão, carro), quais eram suas velocidades estimadas no momento do registro, por quanto tempo estiveram ocupando a via e obter a assinatura digital, entre outras informações.
“Captar todos esses dados só é possível graças a algoritmos que estão cada vez mais inteligentes e eficazes. Fazem diversos cálculos e análises comparativas em frações de segundos. Podem até mesmo ser ensinados e têm capacidade de aprender tudo o que pode ser identificado nas imagens, por meio de métodos de desenvolvimento baseados em inteligência artificial e machine learning (aprendizado de máquinas).”
Robinson finaliza, lembrando que esses sistemas permitem que controladores alterem em tempo real a sincronização dos semáforos, reprogramando o tempo de verde e vermelho em cruzamentos específicos. O uso de câmeras permite, ainda, acessar esporadicamente uma imagem do cruzamento e verificar possíveis incidentes de trânsito. Assim, a onda verde pode avançar conforme o entendimento do fluxo dos veículos.
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Por que até hoje algo assim não foi implantado em larga escala é o que frustra o cidadão motorizado. Ele paga impostos pesadíssimos não só na hora da compra, como “pinga” todo ano nada menos de 4% do valor do seu veículo a título de imposto de propriedade durante até 20 anos. Em outros países há apenas taxa anual de circulação bem mais módica. E ITS, lá fora, é uma realidade.
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