Como é acelerar uma Ferrari na Itália

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Ferrari California T

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Ferrari California T com motor 3.9 litros turbo de 560 cavalos

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Ferrari California T faz 0 a 100 kmh em 3,6 segundos

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A vida de jornalista automotivo tem, claro, muitos privilégios. Um deles aconteceu com este repórter justamente na cidade que é berço de uma das marcas mais valiosas do mundo: a Ferrari.

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Durante a cobertura de um GP da Itália de F1, recebi a missão de aproveitar a viagem para ir até Maranello e avaliar um de seus carros – como o pedido havia sido feito “com apenas um mês de antecedência”, eu só descobriria o modelo ao chegar naquele prédio de tijolinhos que já é famoso para quem é fã de carro.

Um dos primeiros carros de F1que vi ao vivo foi justamente uma Ferrari - a de Alain Prost rasgando a reta de Interlagos no treino do GP Brasil de 1990, minha primeira vez em uma corrida na arquibancada!

O ronco do motor V12 era totalmente diferente dos outros, e, claro, a memória afetiva de uma criança de 12 anos guardará isso para sempre (mesmo que minha torcida fosse para a McLaren de Ayrton Senna e a Benetton de Nelson Piquet...).

Tudo isso vem a mente quando o funcionário da Ferrari me recebe na sede em Maranello e entrega as chaves da Ferrari California T – que por sinal está estacionada no único lugar visível na entrada (achei até que era a antiga vaga do Comendador).

Pego a chave, ganho as instruções (respeite o limite de velocidade, quase como quem diz, traga este carro inteiro…)  e saio para rua. Detalhe, o sinal fecha para a avenida (que é uma das principais de Maranello) e dá o sinal verde para quem sai da fábrica da Ferrari, como se fosse uma autoridade local (o que não deixa de ser um pouco real).

Ah, sim, também deve evitar uma barbeiragem logo na saída, convenhamos, principalmente para quem não está acostumado com a tocada de tração traseira.

É claro que há uma tensão natural pelo fato de estar comandando um carro avaliado acima de um milhão de reais (nem queria fazer a conversão do euro para reais naquele momento). Mas basta acelerar suavemente na primeira esquina para ver que o motor 3.9 litros turbo de 560 cavalos de potência não está para brincadeira.

No trânsito, o carro parece até impaciente. Mas na estrada... aí ele está no habitat natural. Confesso que gostaria muito de ter feito esta avaliação na Alemanha, onde o limite de velocidade não existe em certas autobahn!

Mas só o fato de fazer 0 a 100 km/h em 3,6 segundos já valeu a pena (sempre cuidando, claro, para não virar um daqueles memes que a gente vê de quem acelera demais um carro deste e perde o controle. Ah, o respeito pela tração traseira é tudo na vida de um jornalista avaliando esportivos...)

A aceleração proporciona uma chicotada e tanto - e olha que eu já pilotei um F-1 por duas voltas em Paul Ricard (mas isso é assunto pra outra matéria). O câmbio de sete marchas atrás do volante me faz lembrar da Ferrari de Mansell que acabei de ver no Museu (o barulho da troca de marcha é digno de F-1 daqueles anos).

A mudança para a função "Sport", com a chave no volante, me faz sentir meio um Charles Leclerc mudando suas configurações no F-1. Foram quatro horas de diversão pura – e sem me preocupar tanto em não “ostentar” muito, afinal, a Ferrari estava em seu habitat natural.

Com a diferença que, quando a carruagem do repórter virou “abóbora” (nesta comparação a minha meia-noite foi 18h mesmo de um dia de semana), eu pude estacionar naquela vaga do Comendador bem na entrada da sede da Ferrari em Maranello.

Missão cumprida: lá estava a Ferrari California T azul inteirinha. Agora era hora de atravessar a rua e pegar meu carro alugado – e, desta vez, sem o sinal verde para me facilitar a saída. 

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