Mercedes-Benz não terá mais câmbio manual em 2023

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Mercedes-Benz não terá mais câmbio manual em 2023

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A Mercedes-Benz anunciou oficialmente que não vai mais fabricar modelos com câmbio manual a partir de 2023. Na prática, a montadora já havia praticamente restringido a opção por esse tipo de transmissão a seus modelos mais acessíveis, como o CLA e os classe A e B, e assim mesmo quase que só para a Europa.

Isso porque, no Velho Continente, como aqui no Brasil, ainda há (ou havia) uma quantidade razoável de puristas que preferem escolher e trocar eles mesmos as marchas quando dirigem, e até gostam de usar o pé esquerdo – o que aciona a embreagem – para isso.

E aqui cabe uma pequena explicação sobre a lógica industrial: em tudo o que se produz comercialmente, especialmente em grandes quantidades, existe um princípio básico chamado “escala”. Simplificando, isso quer dizer que determinadas peças, sistemas ou outros componentes, só são economicamente interessantes para o fabricante se utilizados em massa.

No caso dos sistemas de câmbio, até algum tempo, era realmente mais barato montar carros manuais que automáticos. Não somente porque esses componentes custavam mais caro em si, mas porque a fabricação em enormes quantidades fazia com que os sistemas manuais fossem menos custosos.

Automáticos em expansão

Os mais, hum, experientes como eu se lembram de como os raros modelos automáticos vendidos aqui no Brasil eram muito mais caros que os manuais – absoluta maioria nas ruas. Custando mais, vendiam menos e continuavam raros, enquanto os manuais reinavam tranquilos.

Principalmente com a chegada de carros automáticos importados com preços competitivos, essa lógica começou a mudar. A procura por nacionais automáticos começou a crescer – e continua crescendo a cada dia. Com isso, a diferença de preço dessas versões foi diminuindo.

No Primeiro Mundo, como no caso da Mercedes – bem como de outras muitas montadoras, especialmente dos segmentos mais sofisticados –, a relação entre os manuais e os automáticos vem se invertendo há um tempo. Com maior demanda, é mais vantajoso para as montadoras venderem modelos sem pedal de embreagem que o contrário.

Para que você tenha uma ideia, nos EUA, onde carros com mudança manual sempre foram raros – e geralmente esportivos destinados a um segmento pequeno de público –, a Mercedes já não vende versões manuais de seus modelos desde 2011. Nem os esportivos.

Sobre esses, aliás, vale mencionar que a AMG, divisão da marca da estrela que desenvolve e produz seus carros de competição e, também, os “de rua” mais brabos, não tem hoje sequer um modelo ou versão com câmbio manual em seu cardápio. Afina, nas pistas, um bom sistema automático sequencial ou automatizado de dupla embreagem permite uma pilotagem bem mais ágil.

Elétricos: a pá de cal para o câmbio manual
 
Além de tudo o que já mencionei acima, há um último – mas não menos importante – fator nessa mudança (com trocadilho) de marcha no mercado: a transição para veículos híbridos e elétricos. No caso dos que usam os dois tipos de motores, o gerenciamento da força dos dois tipos de propulsão é sempre associada a um sofisticado câmbio automático.

E, no caso dos elétricos puros, por conta das características dos motores, que entregam todo o torque em qualquer circunstância, simplesmente não há caixa de marchas. 

Ou seja, em mais alguns anos, não só o pedal de embreagem vai ser coisa de museu, como a própria caixa de marchas vai se tornar uma raridade, daquelas que temos de explicar aos nossos filhos e netos para que serviam.

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