13/06/2021 - Redação / Foto: Divulgação / Fonte: iCarros
Desde que os primeiros modelos de automóveis começaram a circular, ainda no final do século XIX, uma das características mais marcantes de sua personalidade é a aventura. Desculpem se uma visão assim, tão romântica do automóvel, possa parecer meio “fora de época”, mas é difícil não associar ao tema deste post algo assim.
Afinal, aí estão todos os ingredientes para o enredo de um típico filme aventureiro: um carro clássico e um trajeto de 40 mil km atravessando 14 países – e visitando 21 povos indígenas –, tendo como protagonistas exploradoras decididas.
A equipe é chefiada pela francesa Fanny Adam, responsável pela expedição “Aventura Citroën Terra América” e que estará ao volante do modelo Traction Avant 11B, produzido em 1956. Dividida em três etapas, a aventura acontecerá em três etapas, que começam em julho deste ano e terminam em janeiro de 2023.
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A data de conclusão, porém, é apenas uma estimativa. Fanny diz que não encara a viagem como “uma corrida” e pretende usar o tempo que for apropriado e necessário para contatar pessoas, colher depoimentos e conhecer os contrastes sociológicos, geográficos e climáticos da Pan-americana.
Embora, na prática, a viagem vá começar no Alasca, nos EUA, a largada foi dada oficialmente no final de maio, na França, numa cerimônia simbólica no lendário Conservatoire da Citroën (enorme galpão-museu em que a marca guarda exemplares de seus modelos mais célebres produzidos desde 1919).
A referência histórica faz todo o sentido, pois desafios de resistência e longa distância como esse foram usados pelo fundador da montadora, André Citroën, para promover seus produtos, destacando sua resistência e confiabilidade naqueles primórdios da indústria.
Da unidade francesa, o carro foi embarcado de navio para a América, onde rodará pela famosa Rodovia Pan-americana, considerada a estrada mais longa do mundo.
As aventureiras
Doutora em Ciências (alguém se lembrou do Indiana Jones aí?), Fanny Adam se afeiçoou ao Traction Avant graças ao amigo e aventureiro Gérard d’Aboville, três vezes participante do rali Paris-Dakar, e que dirige um modelo assim desde os 18 anos.
Foi ele quem emprestou o carro para que ela disputasse uma prova de regularidade por estradas europeias. O amigo ajudou, também, na preparação técnica do Traction 1956 que será usado na viagem.
Durante a primeira etapa da expedição, entre Prudohoe Bay (Alasca) e Los Angeles, Fanny terá ao seu lado Gaëlle Paillart, que também é cientista e acumulará as funções de copiloto e câmera.
Em seu lugar, assumirá então a copilotagem a jornalista e documentarista Maéva Bardy. Veterana de expedições e correspondente com grande experiência, ela também é especializada em imagens e será a responsável pelos registros das duas etapas seguintes, da Califórnia à Cartagena, Colômbia, e de lá até a chegada a Ushuaia.
“O charme estético do Traction Avant é um verdadeiro trunfo que vai favorecer os contatos espontâneos e positivos”, afirmou Fanny Adam, responsável pela expedição “Aventura Citroën Terra América”.
O carro
Lançado originalmente em 1934, o Traction Avant foi tremendamente inovador para sua época. Trazia, como o nome diz, tração dianteira, dispensando um eixo de transmissão. Como sua construção é em monobloco (e não com chassis e carroceria, padrão de então), o espaço interno era grande e a altura em relação ao menor.
Isso conferia ao carro uma estabilidade incomum, que acabou dando à marca a fama de “incapotável” que manteve ao longo das décadas. Além disso, sua construção era inteiramente em aço e ele contava com avanços como freios hidráulicos e suspensão independente nas quatro rodas.
Tantas inovações, no entanto, não implicavam em fragilidade. Sua mecânica era simples, robusta e confiável. Ganhando uma série de melhorias e desenvolvimentos ao longo do tempo, o modelo foi produzido até 1957, quando foi substituído pelo igualmente icônico DS, o famoso “sapo”.
No caso específico da unidade que será usada na viagem, ela foi produzida em abril de 1956 e, em 2005, foi adquirido pelo especialista em mecânica para carros de rali Robert Mulller. Adaptado para as competições, o carro foi usado durante 15 anos para grandes expedições de clubes de entusiastas.
Durante esse tempo, correu o mundo, atravessando caminhos de Austrália, Marrocos, Rússia, Itália, Europa do Norte, Argentina, Malásia, Tailândia, Cordilheira dos Andes, Sardenha, Córsega, Grécia, Portugal e Sicília, recebendo uma série de melhorias e recursos especiais.
Seu monobloco foi reforçado, ganhou uma caixa de 5 marchas, radiador de dupla ventilação e maior capacidade, sistema elétrico de 12 volts (o original era de 6v), ignição eletrônica, tanque de gasolina em inox para 70 litros, freios a disco, reforços na suspensão e uma série de melhorias em bancos, isolamento e itens de segurança.
O motor original do carro é um quatro cilindros, com 1.9 litros, que, na época, gerava cerca de 60cv de potência. Com as melhorias adicionadas, presumimos que tenha ganhado alguns cavalinhos.
Para acompanhar online
Graças à tecnologia atual, quem quiser poderá acompanhar toda a aventura das francesas em tempo real, via satélite, como em uma grande regata oceânica. No site, serão postados também vídeos, fotos e relatos do trajeto. Confira aqui.
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