13/06/2013 - Ezequiel Daray (Fotos: Divulgação) / Fonte: iCarros
Nem bem cheguei ao hotel, um pouco cansado pela viagem, e o pessoal da Volkswagen me esperava com uma notícia. "Quer acelerar outro carro?", me perguntaram. "Bem, vim à apresentação do GTI, mas não o dirigi o bastante", respondi – havia percorrido menos de 10 km que separavam o hotel do aeroporto onde um “Gran Turismo Injection” de sétima geração me esperava. "Estamos falando de um GTI diferente", disse o responsável pela comunicação mundial da marca, apontando um impecável Golf GTI Mk1 de 1976.
Acho que a velocidade da minha resposta (obviamente afirmativa) poderia ser contada em décimos de segundo. Esqueci da minha bagagem e me aproximei do carro. Branco (igual ao Mk7 do trajeto do aeroporto), impecável, com apliques de plástico nos para-lamas. O típico estofamento xadrez (uma marca dos GTI) e um estado de conservação como se tivesse saído da fábrica. De fato, havia acabado de sair do museu da Volkswagen.
Liguei o carro e o motor manteve-se em 2.000 rpm por algum tempo até que atingir a temperatura ideal. Este era o motor de 1976 com 110 cv, que logo foi substituído por um 1.8. O câmbio é curto e preciso, como o do modelo atual. Acelerei e comecei a sentir o ruído do motor na cabine. Há 37 anos o isolamento acústico não era prioridade de um carro. A direção é direta, a suspensão é firme e há tecnologias inovadoras na época, como a luz no painel que indica a hora certa de trocar de marcha para economizar combustível.
Fui até à praia e dei uma volta pelo centro de Saint Tropez. Não é raro encontrar russos (são os donos da cidade) com Lamborghini e Ferrari. Mas vejam bem, eu estava a bordo de um produto do museu da VW, com apenas 160.000 km e todo reluzente.
Segunda surpresa
Voltei ao hotel já satisfeito com o começo da minha viagem. Era hora de me colocar ao comando do GTI de sétima geração, e estava pensando onde poderia acelerá-lo para sentir os 230 cv de potência, já que o trânsito intenso e a chuva prometiam atrapalhar a diversão.
No saguão do hotel encontrei duas celebridades do automobilismo alemão e mundial: Hans Joachim Stuck (piloto de F1 nos anos 70 e 80, e campeão do DTM) e Klaus Niedzwiedz (campeão mundial e alemão de turismo e várias vezes vencedor das 24 Horas de Nürburgring). Este último, que se tornou um companheiro de escriba, com quem tenho bom relacionamento, me convidou para acelerar o Golf no seu circuito particular.
O único autódromo por perto é Paul Ricard, mas ele não se referia a este lugar. "Há uma estrada de montanha exclusiva para caminhões, mas é domingo e hoje eles não circulam por lá. Venha comigo", insistiu. Depois de uma hora de viagem e quase de volta a Nice, passamos uma montanha e chegamos a um trecho de um quilômetro com subidas, descidas, curvas rápidas, retornos... exatamente o que qualquer Viciado em Carro queria se deparar!
A primeira passagem foi para o reconhecimento. Embora tivéssemos sol, havia chovido bastante e o piso estava úmido e com um pouco de terra das encostas. Não havia lugar melhor para provar os avanços tecnológicos deste Golf GTI: o bloqueio de diferencial e a relação progressiva da caixa de direção.
O primeiro faz com que o carro escolha automaticamente o quanto acelerar cada roda dianteira quando estamos fazendo uma curva rápida. Se viramos à direita, por exemplo, a roda esquerda acelera mais que a direita. Com isso apesar de ter 230 cv no eixo dianteiro, não há o menor sinal de sub-esteró. O segundo faz com que a direção seja muito mais direta em velocidades mais altas. A mudança é notável, chegando a reduzir quase meia volta do volante quando o giramos até o batente.
Ciente disto, comecei a acelerar, cada vez um pouco mais. Usei o câmbio DSG de sete marchas no modo manual. Todas as curvas eram de terceira marcha, mas havia uma, muito rápida e com saída cega, que parecia ser em quarta. Com o piso molhado e a parede de pedra da encosta, colocar a quarta não pareceu uma boa ideia. Acabaria estampado na parede como o Coyote tentando perseguir o Papa-Léguas.
Testei várias vezes. A aceleração é boa para sua cilindrada (dois litros com turbo). Em cada troca de marcha sentia uma explosão proveniente do escape. Os freios são quase superdimensionados (especialmente na versão Performance. A outra tem 220 cv e discos menores). Quando finalmente senti confiança, acelerei na subida, coloquei a quarta marcha e fiz essa curva que me intimidava. A parede da montanha se aproximava e me assustou um pouco, mas quando pensei em corrigir o carro, a eletrônica me colocou nos trilhos novamente. Ciente disto tentei várias outras vezes. O carro sempre escapava, mas bastou seguir acelerando (sem se assustar) para retomar a trajetória.
Foi uma verdadeira surpresa encontrar este lugar e poder ir atrás de Niedzwiedz, tentando copiar tudo o que ele fazia. Voltei ao hotel satisfeito com o resultado dos testes.
Apenas para fanáticos
O Golf é o melhor hatch médio do momento. Não há uma linha que se preze que não tenha sua versão esportiva. Logo chegará a R, com mais potência, mas o GTI é o modelo que arrasta os fãs deste ícone criado por Giugiaro por quase quarenta anos.
É um modelo que não vai decepcionar os fanáticos, aguardado há muito tempo no Brasil. E a boa notícia é que ele chega no País em outubro. Particularmente acho que o Golf convencional já é um grande carro, mas o GTI... É mais firme, melhor nas curvas, ronca mais bonito e acelera bem mais que o 2.0 aspirado. Ele também custa mais e consome muito mais, apesar do sistema "Start-Stop". A única coisa que posso dizer é que fazia muito tempo que eu não me divertia assim, e pude conhecer a história do GTI desde seu começo até este novo capítulo.
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