10/07/2022 - Alexandre Kacelnik /RF1 / Foto: Divulgação / Fonte: iCarros
A primeira cena que vem à cabeça do autocinéfilo quando se fala em Kombi é de Pequena Miss Sunshine. A comédia americana de 2006 narra a epopeia de uma família muito esquisita e cheia de diferenças – como qualquer outra vista de perto – reunida numa viagem de 1300 km entre Albuquerque, Novo México, e Los Angeles, Califórnia, a bordo de uma Kombi amarelinha que só pega no tranco.
A missão é levar a pequena e desengonçada Olive (Abigail Breslin) a um concurso de talentos chamado...Pequena Miss Sunshine. O filme levou dois Oscars – Melhor Ator Codjuvante para Alan Arkin, o avô que foi expulso de um asilo por uso de drogas e ensaia a coreografia com Olive; e Roteiro Original para Michael Arndt, além de ter sido indicado para Melhor Filme e Melhor Atriz Coadjuvante (Abigail).
Lançada na Alemanha em 1950 e produzida no Brasil até 2013 – saiu de linha porque a partir de 2014 air-bags e freios ABS se tornaram obrigatórios no país, e são incompatíveis com a sua plataforma –, a Kombi foi um carro global, assim como o VW Fusca, que lhe cedeu plataforma e, inicialmente, motor 1.2 refrigerado a ar, e até por isso tem uma participação no cinema muito anterior a Pequena Miss Sunshine.
A Kombi se destaca em uma atuação quase filosófica em outro vencedor do Oscar, só que dessa vez de Melhor Documentário: Woodstock, o filme sobre o festival de rock realizado em 1969 foi lançado em 1970 e ganhou a estatueta em 1971.
Ali, um retrato real do que a Kombi representou dentro da cultura hippie, um carro barato, de fácil manutenção, que levava boa parte da comunidade em seus três bancos inteiriços e ainda tinha um formato de tela de pintura ambulante, e ali viajou (duplo sentido) a imaginação da geração Flower Power.
Essa imagem de carro hippie foi retratada em inúmeros filmes e nas animações de cinema e TV. Quem não lembra da Kombi Fillmore (uma alusão ao The Fillmore, em San Francisco, palco de lendários shows de rock nos anos 60/70), de Carros (2006), que vivia numa cidade mergulhada no passado na Rota 66? Há também quem diga que ela é a base da Máquina de Mistério de Scooby Doo – mas isso é assunto para um congresso nerd.
Se os muscle cars americanos brilharam em perseguições, a Kombi obviamente é muito mais adequada aos road movies, e eles não faltaram em sua trajetória: o neozelandês Kombi Nation (2003) retrata em estilo reality show a viagem de três jovens através da Europa, como um rito de passagem; no francês I’m a Kombi (2012), nossa van é a estrela, e faz uma volta ao mundo quase psicanalítica pelos olhos de vários e muito diferentes proprietários. E por aí vai.
Em vários outros filmes, como De Volta para o Futuro (1985) a Kombi, provavelmente por ser estrangeira e (tecnologicamente) inferior, aparece nas mãos de RAVs (expressão que é tipo um BRICS do mal no cinema ocidental, reunindo as iniciais de Russos, Árabes e Vilões).
No Brasil a história é outra. Como durante muitos e muitos anos, praticamente sem concorrência, a Kombi foi carro da polícia, dos Correios, do transporte escolar, do feirante e tantas outras utilidades, ela aparece muito nos filmes do século passado ou que nele se passam, e em novelas como Avenida Brasil, onde leva a Família Tufão de férias.
E a Kombi tem seu road movie nacional: Lascados (2013), que conta a história de três amigos - Felipe (Chay Suede), Burunga (José Trassi) e Deco (Paulo Vilela) – que saem de São Paulo numa velha Kombi de cachorro-quente para passar o carnaval na Bahia e no caminho incorporam a bela e perigosa Cenilde (Paloma Bernardi) ao grupo. O resto é spoiler (de cinema, porque spoiler em Kombi é meio cafona).
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