A moda, até onde se sabe, foi criada pelos americanos, e respingou em todos os cantos: o porta-copos tornou-se para alguns tão essencial em um automóvel quanto o ar-condicionado ou o ajuste de altura do banco. A ponto de virar argumento de vendas o comprador-padrão exige potência (embora leve torque), cor prata ou preta, porta-malas espaçoso e muitos nichos espalhados pelo interior para guardar as miudezas que todos nós carregamos. Copos, inclusive. A maioria dos carros nacionais sai de fábrica com porta-copos, alguns excelentes, como o sistema articulado que equipava todos os Polo (e todos os Golf).
Mas qual o melhor? Reunimos seis minivans, configuração tida como a mais versátil entre os automóveis, para responder a esta pergunta. Avaliamos a Chevrolet Meriva, a Fiat Idea e a Honda Fit, todas com dois porta-copos na dianteira e um na traseira; a Chevrolet Zafira (dois frontais, dois nas mesinhas tipo avião e mais dois na terceira fileira de bancos), a Citroën Picasso (dois frontais, dois nas mesinhas e dois nas portas traseiras) e a Renault Scénic (três na frente e dois nas mesinhas).
Usamos copos de plástico de 350 ml, padrão nos drive-thru, com tampa, canudinho e líquido até o limite da capacidade. Fizemos um percurso padrão de cinco quilômetros por ruas com lombadas, valetas e curvas. E para tentar desperdiçar água, arrancamos e freamos bruscamente. Veja, a seguir, os resultados por ordem de classificação:
Honda Fit
Foi o único carro que não teve o assoalho molhado depois do teste: nenhuma gota derramada. O bom resultado deve-se ao formato dos nichos frontais, um cilindro de 7,5 centímetros de diâmetro por 5 cm de profundidade cada um, o suficiente para manter copos de várias capacidades firmes e bem apoiados. Os passageiros do banco traseiro precisam entrar em acordo para dividir o único porta-copos a que têm direito, localizado entre os bancos dianteiros.
Chevrolet Zafira
O problema dos porta-copos da minivan Chevrolet é o tamanho dos nichos: mal sobra espaço para o copo de 350 ml no espaço de 7 cm de diâmetro por 3,5 cm de profundidade no console. É preciso cuidado ao retirar o copo de papelão sob risco de derramar o conteúdo. Em compensação, os copos mantiveram-se firmes durante todo o percurso do tira-teima. A Zafira oferece apoio para seis copos distribuídos no console central, nas mesas tipo avião e nas laterais da terceira fileira de bancos com as fendas de 7 cm de diâmetro por 4 cm de profundidade.
Chevrolet Meriva
Os porta-copos comportam dois de 500 ml, mas por serem rasos (têm 5 cm de profundidade), não prendem adequadamente os recipientes. Quem usa com freqüência, deve providenciar tapete de borracha sobre o carpete. Apesar disso, apenas algumas gotas de água foram derramadas durante a avaliação. Os passageiros do banco traseiro sofrem do mesmo problema do Fit: existe somente um local para colocar o recipiente, na parte anterior do console central.
Citroën Picasso
Sem porta-copo central, os nichos da minivan Citroën estão localizados nas laterais das portas dianteiras e também nas mesinhas iguais às de avião que servem de apoio para quem viaja no banco traseiro. Os nichos nas portas são estreitos (têm 6 cm de diâmetro por 7 cm de profundidade) e, apesar de estarem mal localizados, oferecem bom apoio para copos e garrafas de material maleável mas não são eficientes para abrigar recipientes de material rígido, como latas de refrigerante.
Fiat Idea
Os porta-copos dianteiros da Idea têm as mesmas dimensões dos nichos da Fit, suficientes para apoiar copo ou latas. Mas use a cavidade localizada na extremidade do console central apenas para guardar miudezas sólidas: copos apoiados no local não resistem à primeira lombada. Como opcional, é oferecida mesinhas tipo avião: na 1.4, a mesinha vem com o apoio de braço central e com o banco dianteiro dobrável ao preço de R$ 589 e na versão 1.8, sai por R$ 442. Tapetes de borracha saem entre R$ 390 a R$ 500 mais em conta.
Renault Scénic
O porta-copo da Scénic Sportway avaliada é um compartimento refrigerado por uma saída do ar-condicionado, útil para manter até três latas (fechadas) resfriadas. Mas não tente usar o espaço para apoiar copos, embora seja o único nicho disponível para este fim na dianteira da minivan: na primeira curva, os dois copos viraram. As mesinhas no encosto do banco dianteiro são mais bem resolvidas.
Respingos de história
Primeiro, os americanos inventaram as lanchonetes, depois os copos descartáveis para viagem e, com eles, os acessórios para manter os copos equilibrados dentro do automóvel. No fim dos anos 60, alguns carros já contavam com bandejas no console, mas nada era tão eficiente quanto os ganchos presos à fenda das janelas nas portas. O acessório podia ser comprado no varejo ou distribuído como brinde pelas lanchonetes.
Foram as minivans, nos anos 80, que passaram a incorporar os nichos integrados ao console, solução hoje adotada pelos fabricantes que pretendem vender carros nos EUA.Mas atribui-se a uma mulher, Stella Liebeck, de Albuquerque, no estado americano do Novo México, o empenho da indústria automobilística em desenvolver porta-copos mais eficientes. Em fevereiro de 1992, Stella, então com 79 anos de idade, sofreu queimaduras quando um copo de café comprado por 49 centavos de dólar em um drive-thru do McDonalds virou sobre seu corpo. Ela viajava no banco do carona de um Ford Probe.