28/04/2022 - Henrique Koifman / Fotos: Divulgação / Fonte: iCarros
Lançado no Brasil na semana passada, o BYD Han EV combina alta tecnologia com luxo e uma grande pretensão: competir com modelos de marcas consagradas, como Mercedes, BMW, Porsche…
Pois é, parada dura. Para conferir as chances do carro nessa “corrida premium”, saí para um rápido test-drive com ele pelas ruas do Rio de Janeiro.
Vale contar que meu primeiro encontro com o Han acontecera dois dias antes, à noite, durante a apresentação oficial do modelo, numa espécie de demonstração estática, em que técnicos da montadora me mostraram e explicaram alguns dos muitos recursos tecnológicos que ele oferece.
Logo de cara, chama a atenção uma imensa tela de altíssima definição, que fica “flutuando” no centro do painel, com 15.6” e que deixaria meu tablet com marca de fruta com complexo de inferioridade.
É por meio dela, por toque, que se controla praticamente tudo relacionado ao conforto e conveniência a bordo do Han – e, acredite, isso é muita, mas muita coisa mesmo.
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Do ar condicionado à cor da iluminação interna por LED, da ventilação ou aquecimento de todos os bancos aos modos de condução, da abertura e posicionamento da cortina e do teto solar panorâmico a uma interminável lista de recursos que, se fôssemos listar aqui, você precisaria rolar esta página metros e metros abaixo para ler.
Fora desse monitor, há comandos no volante – entre eles, um que faz com que a tela gire, podendo ficar na vertical ou na horizontal, ao gosto do freguês – e um painel digital de instrumentos completamente configurável na tradicional posição atrás da direção.
O interessante é que, no console retrátil entre os bancos (reclináveis e ajustáveis) de trás, há uma versão condensada do tal tablet, pelo qual os passageiros podem fazer todos os mesmos ajustes que mencionei acima e até mesmo deslocar o banco do carona para frente, de modo a abrir mais espaço (ainda) para as pernas. Todo poder ao patrão!
O acabamento interno do sedã, aliás, é impecável. Todos os materiais são agradáveis à visão e ao tato. O que parece madeira – como em apliques sobre portas e painel – é feito de madeira; o que se parece com aço e alumínio é construído com esses metais e o couro também é couro de verdade, combinados com critério e bom gosto.
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Vamos dirigir
A chave do Han é do tipo presencial e você pode fazer com que as maçanetas embutidas apareçam pelo controle remoto ou simplesmente tocando nelas.
Ao entrar no carro, a primeira coisa que noto é a posição de dirigir, baixa, como num esportivo. Os ajustes de banco e volante são elétricos e é bem fácil encontrar a melhor para posição.
A ergonomia é boa e ajuda muito o fato de os projetistas terem colocado esses comandos de ajustes – bem como os dos espelhos externos, travas e vidros elétricos – nos lugares em que estamos acostumados a encontrá-los. Pode parecer óbvio, mas nem sempre é assim.
Começamos nosso test-drive por ruas de trânsito intenso, em Copacabana, tendo cuidado para não abusar do acelerador. Afinal, são quase 70 kgfm de torque, despejados nas quatro rodas, logo às primeiras rotações dos dois motores, que juntos rendem 494cv de potência.
Com o ar condicionado ligado, o silêncio a bordo impressiona. Não somente porque o carro é elétrico, mas também porque seu isolamento é ótimo.
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Mesmo quando, numa avenida um pouco mais livre, mantemos uns 60 km/h, mal se escuta qualquer coisa. O cuidado com esse aspecto inclui até o desenvolvimento de um novo desenho nos pneus, que rodam com menos ruído.
A suspensão também contribui bastante com essa tranquilidade toda, absorvendo com suavidade as imperfeições do asfalto sem emitir um som sequer. Pelo porte e por levar um pesado conjunto de células em sua bateria (produzida pela própria BYD), o carro tem 2.170 kg e um centro de gravidade bem baixo.
Essa distribuição de peso – comum aos modelos elétricos – se faz sentir logo depois, quando forço um pouco em uma curva mais livre, já próximo do acesso ao Aterro do Flamengo, uma via expressa. Embora seja muito macio e se incline um pouco, o Han parece grudar no chão.
Pista livre, com três faixas e máxima de 90 km/h permitidos à frente, deixo a velocidade do carro cair para uns 35 km/h e cravo o pé no acelerador. Sei que dizer que as minhas costas colaram no encosto é um clichê, mas e seu contar que senti uma forte compressão na testa, ajuda a imaginar a cena?
Ao fundo, o que se escuta é um leve zumbido, que vai do tom grave para o agudo. Mais ou menos como o das turbinas de um avião de carreira quando, na cabeceira da pista, o comandante acelera fundo para levantar voo. Num piscar de olhos, já estávamos no limite.
Isso usando a opção normal de condução, pois há a “sport” e, ainda, o recurso para arrancadas rápidas, tipo o “launch control” de modelos esportivos, como os “M” da BMW e os AMG da Mercedes. É com ele que, segundo a BYD, o carro vai de zero a 100 km/h em 3,9 segundos.
Há ainda uma opção de condução ECO, que otimiza a recuperação de energia em frenagens e gerencia todos os sistemas de maneira mais ajuizada e racional – permitindo até perto de 500 km de autonomia. Peço desculpas, mas como nosso teste era curto, nem experimentei isso. Fica para outro dia.
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Retomadas, retornos e outras diversões
Aproveitando o pouco movimento, usei o restante do tempo para fazer retornos e retomadas de velocidade na mesma via expressa, forçando um pouco em curvas fechadas de 180 graus e acelerando algumas vezes, dos 20 aos 90 km/h.
Além da sensação de segurança – em nenhum momento senti o carro sequer esboçar qualquer movimento fora do previsível –, deu para notar também o ótimo apoio lateral para o corpo proporcionado pelos bancos dianteiros. Fiz também alguns testes de frenagem, igualmente tranquilos.
Vale mencionar que o carro vem equipado com nove air-bags e praticamente todos os recursos de segurança, assistentes e sensores que se espera em modelos desse nível. Não vou listá-los aqui, mas adianto que, em caso de abuso em acelerações ou outras manobras, ele pode interferir para evitar o desastre.
E, para fazer algumas das fotos que você vê neste post, passei com o Han pelo bairro da Urca, que conta com uma série de lombadas – ou quebra-molas – em várias de suas ruas. A despeito de ser baixo, o sedã passou incólume por todas elas. Alteração, mesmo, ele provocou nos passantes, com suas linhas fluidas e pintura em (belo) vermelho chamativo.
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E então?
Entrar para clubes seletos não é fácil. Não basta ser rico, para fazer parte da turma, antes de qualquer outra coisa, é preciso ser reconhecido como um igual. No segmento de carros de luxo, esse reconhecimento tem de vir não só dos concorrentes, mas principalmente por parte dos potenciais compradores.
Quem paga mais de R$ 500 mil em um automóvel geralmente não busca apenas uma máquina eficiente e sofisticada, mas também o status que vem com ela. Menciono isso para dizer que a missão do Han, independentemente de suas muitas qualidades, não vai ser fácil.
Em sua China natal, onde a marca já é mais conhecida, ele foi lançado no ano passado e, hoje, é o sedã de luxo de produção local mais vendido, com pouco mais de 10 mil unidades mensais.
Aqui, terá entre seus concorrentes medalhões como o Mercedes E 300 Exclusive, um “híbrido leve” de R$ 549.900; o BMW Série 5 sedã Plug-in híbrido de R$ 446.950 – com seus 292 cv de potência e 56 km de autonomia elétrica – e o elétrico puro, Porsche Taycan, que custa a partir de R$ 615 mil com 408 cv de potência.
Na mira da BYD, aqui, está aquela pequena fatia de compradores de classe A, que além de exclusividade, buscam também ser precursores em tendências e tecnologias. E, para essa turma, um modelo elétrico meio “fora da curva” como o Han pode ser bem interessante.
Mas, mais do que lucrar com a venda de sedãs de luxo por aqui, o objetivo da empresa é trabalhar sua imagem. Até aqui, ela é conhecida no Brasil por seus caminhões, furgões e sedãs de serviço (para táxis e de polícia) elétricos. Agora, quer ser reconhecida, também, em um segmento mais sofisticado, capaz de credenciá-la para voos mais altos.
A BYD oferece cinco anos de garantia para o Han – oito para suas baterias –, apostando na qualidade do carro. E, como parte do pacote, inclui um carregador doméstico, que pode ser instalado em qualquer garagem.
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