Avaliação: Chevrolet S10 Z71 vale a pena?

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A Z71 é a mais nova opção da linha de picapes S10 da Chevrolet. Versão intermediária – fica entre as mais simples, LS e LT e as mais caras, LTZ e High Country –, ela se destaca por oferecer uma série de acessórios e acabamentos exclusivos, que lhe conferem um ar um pouco mais aventureiro. 

De um modo geral, séries especiais ou versões tunadas, trazem pacotes de acessórios personalizados e que costumam aumentar seu custo-benefício. A Chevrolet, aliás, é pródiga em produzir carros assim, desde o Chevette GP dos anos 1970 aos recentes Cruze e o Onix RS, por exemplo.  

Entre os mais de 20 itens que só a Z71 tem, boa parte é focada na estética. São adesivos com o nome da versão e grafismos, nas laterais, tampa traseira, soleira e puxadores internos das portas dianteiras; faróis e lanternas com lentes escurecidas e grade dianteira, capa dos retrovisores, parte do para-choque, rodas e emblemas pintados de preto. 

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Cor que, aliás, me fez lembrar imediatamente de uma outra versão/série especial da S10, lançada em 2018, a Midnight. Igualmente intermediária, ela tinha no “pretinho básico” seu maior charme, chamando bastante atenção por onde passava. 

A Midnight também era uma opção intermediária da linha, posicionada mais ou menos na mesma posição na escala que a atual Z71. Esta, no entanto, é um pouco mais bem equipada – me lembro que a “picape da meia-noite” (tradução para a palavra midnight, do inglês) não trazia, por exemplo, a fundamental câmera de ré em seu rol de acessórios. Nem bancos forrados em couro. 

Esses dois bons detalhes vão bem além da simples estética. O tecido da LT, é bem mais difícil de limpar – e sujar os bancos para quem gosta de pegar estrada com poeira e lama faz parte do roteiro, E estacionar um carro grande como este, com uma grande área “invisível” atrás da caçamba, sem câmera de ré, não é fácil.  

E isso também vale para manobras para contornar obstáculos em caminhos ruins. Assim como os acabamentos em plástico contornando a abertura dos para-lamas, que além de criarem um efeito, digamos, musculoso no desenho da picape, protegem as molduras das caixas de roda de pedriscos levantados pelas rodas e galhos quando o caminho cortar mata mais fechada. 

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Utilidade prática 

As rodas, de aro 18″, aliás, estão calçadas com bons pneus de uso misto (todo terreno), mais indicados para os tais caminhos alternativos. Coisa que pude comprovar em um trechinho curto, muito íngreme e ensaboado em que passei com a Z71, em um passeio no final de semana. 

Com a tração nas quatro rodas e a redução acionadas – recursos presentes em toda a atual linha da S10 de cabine dupla, vale informar –, bastou pisar de leve no acelerador para que as mais de duas toneladas do carro, que estava com a caçamba cheia de bagagens e levava passageiros, subisse sem pestanejar (ou patinar). 

Algo que, mesmo no 4x4, fica bem mais complicado quando se usa pneus desenhados para pisos pavimentados, pois estes costumam perder a aderência quando muito sujos de lama, além de não gostarem muito de encontrar pedras mais rombudas pelo caminho. 

Com o mesmo estilo e propósito, essa versão traz estribos com estrutura tubular, mais simples e robusta, funcionando como degraus para entrar ou sair do carro – que é, claro, mais alto que um modelo de passeio –, além de protegerem aquela parte inferior da carroceria. 

O mesmo tipo de desenho tem o santantônio, que se prolonga pelas laterais da caçamba criando, também, mais pontos de amarração para cargas – como motos, por exemplo. Essa, aliás, é uma deficiência comum à maioria das picapes: a falta de ganchos para fixação de cargas.  

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No assoalho da própria S10 (aqui forrado com um borrachão personalizado) há somente quatro deles. Para fixar as bagagens ali, dependendo da quantidade de objetos menores, é necessário usar uma rede ou cruzar vários esticadores, para impedir que a carga fique chacoalhando. 

Em marcha, é igual às outras versões 

Com seu motorzão de quatro cilindros, 2,8 litros turbodiesel, a S10 conta sob o capô com 200cv de potência e 51kgfm de torque e é um carro até bem rápido para seu tamanho e propósito. O bom disso é que, com toda essa disposição e um bom acerto geral, ela é também muito boa de dirigir, especialmente em viagens, em que seu porte e conforto proporcionam condições de condução invejáveis. 

Não faz muito tempo – em julho do ano passado, para ser mais preciso – postamos aqui um test-drive completo que fiz com a versão topo de linha da S10, a High Country 2022, que em termos de mecânica, dinâmica e desempenho é idêntica a essa Z71. Sob esse aspecto, tirando os já mencionados pneus para todo terreno, não há diferença significativa.  

Por isso, em vez de repetir todas as informações sobre minhas impressões ao dirigi-la – em estradas de todo tipo, e fora delas também –, sugiro que você leia aquele outro texto aqui.

O que falta 

Embora se destaque por seu pacote personalizado, como é uma versão intermediária, a Z71 não traz alguns recursos muito úteis que menciono no texto do link acima sobre sua irmã mais chique. Entre esses, os que me fizeram sentir mais saudades foram o espelho retrovisor interno fotocrômico (antiofuscante) e o acionamento automático de faróis e limpadores de para-brisa. 

Outro item importante, que está presente tanto na versão top High Country, como na imediatamente acima da Z71, a LTZ, é o providencial assistente autônomo de frenagem de emergência com detecção de pedestres, uma espécie de anjo da guarda reconfortante em um carro desse porte.  

No mais, ela é bem equipada, com boa multimídia com ampla conectividade (mas sem o “mordomo virtual” On Star), ar condicionado eficiente e bom acabamento geral, incluindo o interno que é do estilo simples, mas honesto, o que, tal como o couro, facilita a limpeza. 

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E então? 

Chegamos ao ponto em que a pergunta lá do título precisa ser, enfim, respondida. Para isso, acho que temos de levar em conta dois fatores: conteúdo e preço. No que diz respeito ao primeiro, a Z71 traz um pacote de “tunagem” bacana, que a torna visualmente diferente de suas irmãs S10 e é capaz de fazer pescoços virarem por aí. 

Ela vai até um pouco além da simples maquiagem e oferece boa robustez e desempenho para quem quer pegar caminhos de terra e, eventualmente, até alguns trechos um pouquinho mais complicados, sendo um pouco mais bem protegida e prática para esse tipo de uso.  

Quanto ao preço, ela custa hoje a partir de R$ 280.090*  (um pouco mais com cor especial). A versão imediatamente abaixo – a LT, sai por iniciais R$ 267.890*, mas é consideravelmente mais simples. Pagar de forma avulsa por um pacote de acessórios equivalentes, certamente sairia mais caro. 

A imediatamente acima, a LTZ, sai por R$ 291.550*. Novamente, para instalar tudo o que ela tem a mais que a Z71, o preço seria muito maior que essa diferença.  

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Daí que se você está pensando em comprar uma S10 cabine dupla, sugiro antes pensar bem no tipo de uso que fará dela. Se busca simplesmente funcionalidade para trabalhar com o carro, no sítio ou na fazenda, a mais simples LT dá conta.  

Se deseja um carro bem equipado e confortável para fazer viagens mais longas, a LTZ é mais bem servida – e a High Country, de iniciais R$ 302.890*, mais ainda.  

Mas se quer fugir um pouco do visual clássico da picape com um ar mais descolado que se destaca; e, principalmente, se deseja usá-la em roteiros mais, digamos, aventurescos, que incluam caminhos um pouco piores, a Z71 pode ser uma ótima pedida. Nesse aspecto, seu custo-benefício é bem interessante. 

(*) Preço sugerido pela fábrica, exceto SP 

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