19/04/2013 - Texto e fotos: Thiago Moreno / Fonte: iCarros
Como gêmeos siameses, Renault Clio e Nissan March são unidos por um órgão vital: o motor 1.0 16V flex feito pela marca de origem francesa. Porém, estes dois “irmãos” foram criados por pais bem diferentes. Enquanto o primeiro tem um projeto mais antigo e foi passando por pequenos aprimoramentos ao longo dos anos, o segundo chegou recentemente ao Brasil com mais tecnologia.
Mesmo o motor sendo de um litro flex com 16V para ambos, isso não quer dizer que a Renault e a Nissan tenham a mesma performance. O Clio tem 80 cv com etanol e 77 cv com gasolina, enquanto o March optou por uma configuração intermediária, que entrega 74 cv com qualquer um dos combustíveis.
Em relação ao tamanho, há algumas similaridades e uma diferença entre os irmãos. Enquanto o Clio mede 1,4 m de altura, 1,6 m de largura, 3,8 m de comprimento e 2,4 m de entre-eixos, o March tem os mesmos números de largura, comprimento e entre-eixos, mas é mais alto, com 1,5 m.
March não tem opcionais, Clio tem de sobra
A versão 1.0 S do March é a mais completa que se pode adquirir com o propulsor de um litro, mas todas as configurações têm cinco portas. O Clio tem duas versões e carrocerias de três e cinco portas. No caso da Nissan, a lista de itens de série do S é generosa. Com um preço sugerido de R$ 32.890, o March entrega direção com assistência elétrica, vidros elétricos nas quatro portas, ar-condicionado, travas e espelhos com acionamento elétrico e airbag duplo. ABS? Nem como opcional. Aliás, nessa configuração, o March não tem opcionais nem rádio.
O Clio na versão Expression de cinco portas é mais barato, R$ 26.270, mas tudo é opcional. Desde os vidros elétricos às faixas de customização são cobrados à parte. Um modelo como o das fotos, que tem direção hidráulica, ar-condicionado, vidro elétrico dianteiro, rodas de liga-leve de 14 polegadas, interior com tecido diferenciado e kit de faixas, sai por proibitivos R$ 37.395. Sem os adereços esportivos e as rodas, o valor cai para R$ 32.584, mas não há ABS ou airbag como opcionais.
Isso é uma amostra da diferença de proposta entre os modelos. O Clio chegou ao País no final da década de 1990, como um compacto Premium, tinha airbags de série e bom acabamento. Conforme os anos passaram, o modelo foi sendo realocado como produto de entrada e, agora, aposta na customização para conquistar consumidores do segmento. As faixas no capô e no teto podem ser equipadas em quaisquer versões e custam R$ 345.
Já o March tem uma plataforma mais moderna e pode ser adquirido por um preço menos salgado. A versão de entrada sai por R$ 27.690 e já traz airbag duplo frontal, mas nada de direção assistida ou ar-condicionado. O modelo que estreou no Brasil em 2011 já estava na quarta geração desde 2010. No Japão e Europa, existe desde 1982 sob o nome de Micra. O projeto da atual geração tirou o visual polêmico da versão anterior que tinha caricatos faróis saltados nos para-lamas.
O novo enfrenta o aperfeiçoado pelo tempo
Com projeto mais recente, o March conta com algumas comodidades modernas, como o maior espaço para a cabeça na cabine e a direção com assistência elétrica, que exige menos esforço do motorista. Isso, porém, não significa que o Clio não tenha seus méritos. A direção, hidráulica, é mais pesada, mas o comportamento do carro é mais firme e confortável. Sem grandes alterações desde meados da década de 1990, o compacto da Renault recebeu aperfeiçoamentos discretos ao longo dos anos. O resultado é mais estabilidade em curvas e um rodar mais silencioso que o do March. O modelo da Nissan, por ser mais alto, acaba por rolar mais em curvas e o isolamento acústico não e tão bom quanto o do comcorrente.
Em desempenho, o Clio é mais leve, com 918 kg, e mais potente que o rival. Porém, exige que o motorista explore mais as faixas de rotação e utilize bem as cinco marchas do câmbio manual, já as respostas em baixos giros são fracas. Porém, passando dos 3.000 rpm, o Renault chega a ser arisco. O March, com seus 938 kg e menos potência, não é tão rápido, mesmo quando o motor é mais exigido, mas, em baixas rotações, responde bem, mesmo abaixo das 2.000 rpm. Fica claro que a Nissan sacrificou um pouco do desempenho em nome de um carro mais agradável para ser guiado no ambiente urbano.
Por dentro, ambos são bem construídos, mas o uso de plásticos é extensivo. Novamente, a Nissan optou pela simplicidade e o visual do painel do March não salta à vista. O Clio tem mais elementos, porém, mostra os sinais da idade. Mais um ponto a favor da comodidade do March: três adultos se acomodam bem no banco traseiro, com espaço de sobra para cabeça. No Clio, apenas dois vão bem e é preciso tomar cuidado para não se bater a cabeça ao entrar no carro. Outro inconveniente traseiro do Renault são os cintos laterais, estáticos, que ficam soltos quando não usados. O March tem cintos de três pontos também apenas nas laterais, mas são retráteis.
Visualmente, o Nissan é mais limpo e seu elemento mais ousado, as curvas vincadas no teto que dão mais rigidez à estrutura, é pouco visto. Nele, é possível passar despercebido. O Clio não tem esse compromisso, gostando ou não do facelift apresentado no final de 2012, é difícil não atrair a atenção para a frente, que ficou maior e mais moderna. Além disso, a Renault oferece possibilidades de customização com adesivos, o que só é possível na versão mais completa do March, a 1.6 SR.
Escolha de Thiago Moreno - Se você precisa de um carro que se diferencie, seja bem resolvido e não pode pagar muito por isso, o Clio é uma boa escolha. Porém, quem puder desembolsar um pouco mais pelo March, terá um carro mais prático e moderno e que lida melhor com o carregado tráfego urbano dos grandes centros. É o Nissan quem leva o comparativo.
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