Chevrolet Tracker Midnight 2024, vale a pena?

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A Chevrolet brasileira é uma das montadoras mais criativas, quando se trata de criar séries e versões especiais para seus modelos. O SUV Tracker Midnight é um exemplo disso. Com vários itens exclusivos em seu visual, tem preço intermediário – o que se reflete em seu pacote de série. Será que ele vale a pena?

Tracker Midnight 2024 versão utilitário

Para tentar responder a essa perguntinha, passei uns 10 dias e 550 km com esta versão do utilitário, durante os quais rodei nas mais variadas condições possíveis, de planos trajetos urbanos, sozinho ao volante, a uma viagem com cinco adultos e bagagens a bordo e uma boa serra pela frente.

Motor Tracker

E essa multiplicidade de uso me ajudou a perceber que, mesmo não contando com o motor mais potente disponível para esse modelo – o 1.2 turbo de 133 cv de potência e 21 kgfm de torque que equipa suas versões mais caras –, essa Midnight dá conta direitinho do recado.

Nela, o motor é o mesmo que equipa todas as versões turbinadas dos Onix hatch e sedã (Plus): um 1.0, também turbo e de três cilindros, mas de um pouco menos pujantes 116 cv de potência e 16 kgfm de torque. 

Torque esse que já está disponível em giros baixos e é suficiente para que a imensa maioria das retomadas de velocidade, mesmo em subidas, seja feita sem grandes emoções, mas também sem maiores aborrecimentos.

Você pode conferir um outro test-drive, que fiz com uma das versões mais potentes – e caras – por exemplo, do Chevrolet Tracker linha Premier, aqui mesmo no icarros. 

Chevrolet Tracker é um SUV bem equilibrado

Como de hábito, comecei meu período de teste rodando na cidade, em trajetos geralmente curtos e de trânsito intenso. Nesse ambiente, o porte compacto do Tracker é uma vantagem, pois, fora a posição de dirigir um pouco mais elevada, ela tem um comportamento bem parecido com o de seu irmão Onix hatch, apenas 10 cm mais curto.

Com respostas suaves, baixo nível de ruído e bancos de boa qualidade, esse SUV é daqueles carros que, se não esbanjam personalidade, também não aborrecem ou cansam o motorista. O espaço interno é bom para seus 2.570 mm de entre-eixos, até mesmo para adultos, como veremos mais adiante.

Por dentro, as diferenças desta versão para as demais do Tracker estão nos acabamentos, como o padrão da forração dos bancos – que combina tecido e couro – e nas cores dos painéis e forrações, sempre tendendo para o mais escuro. O resultado é agradável e, mesmo com a abundância de plásticos, a impressão de capricho.

Painel de instrumentos

O painel de instrumentos tem mostradores de velocidade e conta-giros analógicos, com uma pequena tela central digital, na qual se visualizam as informações do computador de bordo. E há uma boa central multimídia, com conectividade e (bom) sistema de wi-fi que pode ser roteado para os celulares de todos a bordo.

Sistema McPherson

Ainda no asfalto de qualidade variável da cidade, a suspensão – que traz aquela receita básica com o sistema McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira – funcionou corretamente, absorvendo os calombos e buracos mais radicais, sem ruídos ou oscilações em excesso.

E, de acordo com as leituras do computador de bordo, a média de consumo urbano, com tráfego mais para pesado que para livre, ficou ligeiramente abaixo dos 11 km/litro de gasolina.

Nas estradas com o Chevrolet Tracker Midnight

Quem compra um SUV, ainda que compacto, pensa em viajar com ele, ainda que seu uso seja em até, digamos 90% dos casos somente urbano. Por isso, para a segunda parte da minha avaliação, resolvi convidar a família para passar um feriado na serra. 

Éramos cinco adultos, com bagagens para uma semana, todos devidamente acomodados a bordo. Vá lá que tive de guiar com o meu banco um pouquinho mais próximo da direção que o habitual. Mas, com as devidas regulagens de assento e volante, encontrei uma posição que não me maltratou.

Malas, sacolas e outras tralhas, devidamente arrumadas também couberam direitinho nos 393 litros de espaço do porta-malas. Ali, um fundo de removível, instalado logo acima do nicho do estepe, dá acesso a um pequeno compartimento, bom para guardar objetos menores e mais frágeis. 

Além disso, essa tampa faz com que o fundo do porta-malas fique completamente plano, o que facilita a arrumação e a colocação e retirada das bagagens. Simples, mas bem funcional.

Nosso trajeto incluiu uns 120 km iniciais em rodovias de pistas duplas e asfalto perfeito, em que a média de velocidade sempre esteve próxima aos 100 km/h ou pouco mais. Nesse ritmo, o consumo registrado no computador de bordo chegou a 16 km/litro (sempre com gasolina).

Nessa velocidade, o ruído do motor é bem baixo, pois o câmbio automático se mantém quase que o tempo todo na sexta e última marcha. Com bom torque em baixas rotações, o motor não precisa de muita aceleração para manter a tocada, mesmo quando há pequenos aclives pelo caminho.

O ronco dos três cilindros só apareceu em nosso enredo quando pegamos uma serra bem íngreme, com pistas em mão dupla e traçado sinuoso. Ali, para manter ou retomar a velocidade (entre 40 e 80 km/h), o câmbio teve de trabalhar mais. Mas se mostrou razoavelmente eficiente, sem grandes “indecisões” ou lacunas.

Esse trecho sinuoso serviu também para avaliar melhor a suspensão que, como mencionei, é das mais simples e comuns. Mas, mesmo assim, bem calibrada, proporcionou curvas (sempre feitas com juízo e abaixo do limite de aderência) tranquilas, sem muita inclinação de carroceria.

Chevrolet Tracker Midnight em estradas de terra

Se viagens são uma das associações óbvias que fazemos aos SUVs, andar com eles em estradas de terra também faz parte desse pacote. Já em nosso destino, aproveitei a abundância de caminhos para alguns passeios, em estradas não muito bem tratadas.

Mesmo não sendo muito alto do chão (15,7 cm), esse Tracker passou por buracos e pedras, por vezes com os mesmos cinco a bordo, sem raspar ou escorregar. É claro que esse bom resultado também se deve ao bom juízo e cuidados tomados por este motorista.

É claro que não coloquei esse carrinho bonito em trilhas para modelos 4x4, mas subi ladeiras bem íngremes, por vezes sob chuva pesada, e a despeito de sua tração apenas na dianteira e de pneus para asfalto  (215/55 R17 em rodas de liga leve), seguimos sem maiores sustos.

Chevrolet Tracker é boa?

A Chevrolet TrackerMidnight é uma versão intermediária do Tracker e, na tabela no site da Chevrolet, custa hoje – que custa hoje R$ 148.490, fica entre a LT (de R$ 138.040) e a LTZ (R$ 150.730). 

As três trazem o mesmo conjunto de motor e câmbio e um pacote de série de itens de conforto que inclui a mencionada central multimídia com conexão para a internet via wi-fi e sensor de luminosidade que aciona os faróis automaticamente. 

E, também, um pouco além do básico obrigatório em termos de segurança, como seis airbags, alerta de colisão frontal, controles de tração e estabilidade e auxílio de partida em rampa. O que distingue, mesmo, Midnight das outras é o visual, que além do interior diferenciado, traz desenhos, cores e texturas exclusivas para rodas e grade dianteira.

A Midnight, no entanto, fica mais atrás da LTZ do que sugerem só apenas R$ 2.240 que separam as duas versões em itens de segurança bem desejáveis: alertas de ponto cego e de colisão frontal, frenagem autônoma de emergência em baixas velocidades e indicador de distância para o veículo à frente.

Grandes faltas que, por pequeno esse valor a mais, convenhamos, vale muito a pena suprir – ainda que o visual da LTZ não seja tão bacana quanto o dessa sua irmãzinha da meia-noite.

Confira as fichas técnicas e os preços de todas as versões do Chevrolet Tracker, assim como ofertas especiais, aqui no icarros.