entre ou cadastre-se

mais serviços

mais serviços

Supercarro no dia a dia: por que não?

O iCarros usou um raro Mercedes-Benz C 63 AMG Black Series para provar que, sim, dá pra usar um supercarro todos os dias

30/09/2013 - Thiago Moreno / Fonte: iCarros

Eles podem custar mais que um imóvel, passam facilmente do limite de velocidade das estradas brasileiras e, pela fama, não são indicados para tarefas diárias que um popular é capaz de fazer sem preocupações. Com paciência e muito dinheiro, no entanto, é possível usar um esportivo diariamente? O iCarros avaliou uma das 11 unidades do Mercedes-Benz C63 AMG Black Series destinada ao mercado brasileiro e mostra como foi a experiência.

O C63 AMG Black Series é a versão mais apimentada do C63 AMG. O carro é baseado num Classe C cupê comum, o que permite, sim, que ele seja usado como um carro convencional. "Apenas" some a ele algumas credenciais esportivas: 517 cv (30 cv a mais que o AMG civil) e 62 kgfm de torque providos por um motor 6.3 V8 a gasolina aspirado, potência transferida apenas às rodas traseiras por meio de uma transmissão automática de sete marchas. O adesivo 6.3 das laterais arredonda a cilindrada: na verdade, o motor tem 6,208 litros. Detalhe que não faz a menor diferença.

Apesar de não ser nenhum peso pena (1.710 kg), acelera de 0 a 100 km/h em 4,2 segundos. Possui 4,8 m de comprimento, 1,4 m de altura, 1,9 m de altura e 2,8 m de entre-eixos. Além disso, há dois assentos individuais no banco traseiro para garantir o conforto dos seus caronas. Cada um deles possui o sistema ISOFIX de fixação de cadeirinhas infantis. Caso alguém reclame que um carro desses é impraticável para quem tem crianças, já há argumento provando o contrário. Por ser baseado no Classe C, é possível fixar um rack no teto, o que aumenta em até 100 quilos a capacidade de carga do veículo, de acordo com a montadora.

A Mercedes-Benz só traz o C63 AMG Black Series ao Brasil sob encomenda. Por isso, o valor precisa ser pago em dólar. E não é pouco: US$ 337.800 (cerca de R$ 762.246), segundo a última tabela de preços da marca.

A fera bela

Não há tarefa simples que o Black Series não faça ficar divertida. A começar pela partida. Ao girar a chave, o grande V8 embaixo do capô acorda e solta um ronco grave e embaralhado. É possível sentir a vibração do ar em decorrência dos gases saindo pelo escape, em quatro saídas.

Mais que simplesmente passar pela padaria, o C63 AMG Black Serie faz a alegria dos manobristas por onde passa. E dá direito a um domingo no parque, graças ao espaço para isopor e bebidas no porta-malas. Se um colega ainda pedir ajuda para colocar um veterano conterrâneo de volta à ativa, não pense duas vezes e tire o Black Series da garagem para rebocá-lo.

Se você não se convenceu pelo desempenho no papel ou pela praticidade, fique com o visual. Baixo, largo e sem medo de ter uma cara de mau, o C 63 AMG Black Series tem aerofólios de fibra de carbono. Com pneus nada modestos, 255/35 na dianteira e 285/30 na traseira, o carro precisou de para-lamas alargados para abrigar também as rodas de 19 polegadas. Por dentro, nada de acabamento espartano. O Mercedes tem couro no interior com direito a bancos tipo concha de competição.

Esforço para andar devagar

Antes que surja a pergunta: ele não raspa em lombadas ou valetas. Claro, é preciso um pouco de perícia e carinho nos obstáculos, mas com jeito, chega em qualquer lugar. Obviamente que a suspensão de um carro projetado para andar a mais de 250 km/h não tem acerto macio. Nas ruas brasileiras, o carro sacode sem compromisso, mas é o preço a se pagar pelo desempenho esportivo.

Andar com o Black Series na cidade é um constante exercício de exibição e paciência. Você sabe que o carro anda muito mais, mas precisa manter o limite da via. Nessa velocidade, o carro anda a menos 1.000 rpm em quinta marcha, borbulhando como um típico V8 americano. Para quem gosta de sentir o carro, é um prato cheio. Em sétima marcha, os 120 km/h chegam a menos de 2.000 rpm e é possível perceber que a fera não está confortável andando tão devagar.

Rodando na estrada, impõe respeito e domina a faixa da esquerda. Os faróis de xenônio trabalham como abridores de caminho e é difícil um outro motorista se manter à sua frente. Uma boa pisada no acelerador é mais eficiente que buzinar.

Na velocidade importa pela estrada, não dá sequer para se aproximar dos limites do C63 AMG Black Series. O único momento em que o controle de tração funciona é nos buracos, quando a roda chega a sair do chão e destraciona. Para curiosos: sem o controle, o carro arranca cantando pneu sem dificuldade até pelo menos em terceira marcha. Se você arranjar um espaço apropriado para tanto.

A vítima de sorte

Para ter a opinião de um motorista comum, o iCarros acompanhou o produtor de eventos e pai de dois filhos Robson Spadoni para ir ao trabalho com o C63 AMG BlaCK Series no banco do motorista. Spadoni costuma sair da Fregesia do Ó, zona Norte de São Paulo, em direção ao Itaim Bibi, na zona Sul, todos os dias, a bordo de uma pequena moto Suzuki Yes 125 ou um Honda Fit. Amante de carros, Robson mantém um Jeep Wyllis 1958 na garagem para se divertir e se mostrou animado com a chance de andar no bólido.

O primeiro comentário foi o mais intrigante: “chega a 120 km/h muito rápido”. Nada além do esperado, mas para quem estava de passageiro, parecia muito menos. Spadoni encontrou certa dificuldade em acomodar objetos rotineiros como celulares e óculos-escuros. “Tudo bem, um carro como esse não precisa de porta-trecos, apenas de um bom banco e um bom cinto”. Bem-humorado a bordo do Black Series, o produtor de ventos brincou: “Se somar todos os carros que eu já tive, não dá a potência deste”. Nenhuma supresa para ele quando avisado do preço. “Essa história de que a burguesia fede é uma baita besteira. Nasci pra esse carro”, brincou.

Faça pelas crianças

O C63 AMG Black Series também tem seus defeitos. Mas nada que você não encontre em outros carros. O sitema de entretenimento exige prática para operar e o manual do proprietário é grande e de leitura cansativa. A Mercedes recomenda o uso de gasolina de alta octanagem para o Black Series, como é indicado para diversos importados. Se você não se assustar com um consumo de 4,5 km/l na melhor das médias registradas pelo iCarros, a diversão é garantida para todos os dias. E não só para o dono.

Enquanto eram tiradas as fotos dos carro, no Parque do Horto Florestal, foi difícil manter as crianças longe. Elas se espantavam com o tamanho do carro e aquela "coisa" barulhenta vibrando embaixo do capô. Uma delas até perguntou: “Tio, quanto custa? R$ 2 milhões?”. Passou perto.

A questão é exatamente esta ao usar um supercarro no dia a dia. Ele faz todo mundo feliz por onde passa. As pessoas param para ver o carro e é difícil um que torça o nariz. Os pedestres param, os frentistas fazem perguntas, as pessoas nos ônibus olham e as crianças correm para ver o que passa. Com tantos gadgets e jogos, é difícil convencer os pequenos a gostar de carros apenas mostrando modelos ecologicamente corretos ou populares. Se você tem dinheiro para bancar um C63 Black Series, por favor, faça! Se não por você, pelas crianças que vão ter poucas oportunidades de se apaixonar por automóveis, como acontece com o supercarro da Mercedes-Benz.

  • Compartilhe esta matéria:
 

Faça seu comentário

  • Seguro Auto

    Veja o resultado na hora e compare os preços e benefícios sem sair de casa.

    cotar seguro
Ícone de Atenção
Para proteger e melhorar a sua experiência no site, nós utilizamos cookies e dados pessoais de acordo com nossos Termos de Uso e Política de Privacidade. Ao navegar pela nossa plataforma, você declara estar ciente dessas condições.