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JAC iEV40: um carro elétrico possível? | Avaliação

Mais próximo da realidade que outros carros elétricos vendidos no Brasil, o iEV40 será o ponto de virada da JAC?

04/12/2019 - João Brigato / Fotos: João Brigato / Fonte: iCarros

Quando a JAC chegou no Brasil, fez barulho instantaneamente. Anúncios com Faustão, promessa de fábrica, vendas crescendo mês a mês. Porém com o Inovar-Auto e as restrições de importação, a marca definhou e perdeu espaço. A tentativa de se reerguer com os SUVs surtiu resultado, mas não tão forte assim. Agora a JAC aposta nos elétricos.

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Como a China é o maior produtor e consumidor desse tipo de carro, a aposta parece lógica. Colabora a favor da JAC o fato de ela ser uma das maiores marcas nesse segmento em seu país de origem. Além disso, o iEV40 testado aqui pelo iCarros é vendido na China também como Volkswagen, mais especificamente pela marca SOL.

Gangorra de custos

Com o iEV40, a JAC quer briga séria e provar que os carros elétricos são viáveis, mesmo que seu único modelo à venda por enquanto custe R$ 153.900. Baseado no T40 de R$ 67.490, o iEV40 é bastante caro quando se leva em consideração que ele é um SUV compacto com porte de Renault Stepway.

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São 4,14 m de comprimento, 1,56 m de altura, 1,75 m de largura e entre-eixos de 2,49 m. As medidas são exatamente as mesmas do T40, até porque no visual a única coisa que muda é a grade frontal fechada e os emblemas 100% Electric. Mas pode ficar tranquilo que os adesivos chamativos são apenas do modelo de teste.

O desenho tem personalidade, contrariando totalmente o passado das chinesas que copiavam carros internacionais. Ao primeiro olhar a grade frontal fechada causa estranheza, mas é apenas questão de costume. Faróis e lanternas grandes começam a parecer datados, mas ainda assim agradam.

Evolução perceptível

Um ponto em que os carros chineses evoluíram muito, e é comprovável no iEV40, é o interior. A qualidade dos plásticos é boa (apesar da textura esquisita), assim como os encaixes. Tudo parece firme e bem montado, sem a sensação de que algo vai sair na sua mão de puxado com mais força.

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Há uma boa porção de couro macio revestindo o painel, material que é usado também nas portas. Os bancos têm bom suporte e são confortáveis, além de receberem revestimento de couro perfurado com toque suave. Há até uma grata surpresa: aquecimento na dianteira, mas que consome muita bateria.

Por ser baseado em um carro a combustão (T40) e não ser um carro nascido para ser elétrico como o Nissan Leaf ou o Chevrolet Bolt, o JAC iEV40 teve de sacrificar o espaço traseiro em favor das baterias. Assim, o piso foi elevado, diminuindo drasticamente a área para as pernas, obrigando os passageiros a ficar com o joelho muito elevado.

Ao menos o porta-malas com 450 litros foi preservado, garantindo um dos espaços mais generosos da categoria. Os cabos de carregamento vêm de série em uma prática bolsa, ocupando uma parte desse espaço caso o motorista queira carregá-los consigo o tempo todo para eventuais emergências.

Silêncio

Um dos grandes trunfos de um carro elétrico é o silêncio sepulcral à bordo. O motor emite apenas um pequeno barulho futurista quando entra em ação, para depois não ser mais ouvido. Na estrada ou na cidade, ouve-se apenas o barulho dos pneus rodando e do vento cortando a carroceria.

Ao todo, são 115 cv e 27,5 kgfm de torque no JAC iEV40: potência equivalente a um Chevrolet Onix Plus turbo com torque superior ao de uma Fiat Toro 2.4 Flex. A vantagem é que toda essa força é entregue com uma patada que o faz colar no banco assim que o pedal do acelerador é pressionado e sem o menor barulho.

Na prática, o motorista nem percebe que está indo tão rápido quanto de fato está tamanho o silêncio. Não foram poucas as vezes em que soltei um “eita, freia”, pois o iEV40 estava mais rápido do que deveria. Com o modo Eco ligado era preciso apenas tirar o pé do acelerador para que o freio regenerativo entrasse em ação.

A direção do iEV40 foi bem calibrada, ficando em um meio termo entre a leveza necessária para a condução na cidade e a firmeza pedida na estrada. Falta feedback do piso, o que da a sensação de ela ser um tanto quanto morta. Além disso, não ter regulagem de profundidade atrapalha na busca pela posição ideal de dirigir.

Por conta do silêncio à bordo, a JAC teve de investir forte em isolamento acústico e na suspensão para evitar ruídos externos invadindo a cabine do iEV40. O conjunto trabalha bem, filtrando as imperfeições do solo com tranquilidade e lidando bem com o peso extra da bateria. O elétrico não oscila em curvas e se mantém firme.

Range Anxiety

Uma das grandes questões envolvendo um carro elétrico está relacionada diretamente à capacidade das baterias. Segundo a JAC, o iEV40 roda até 300 km com carga completa. Com o ar-condicionado ligado, essa capacidade cai para cerca de 250 km. São números mais que suficientes para o âmbito urbano.

Nesse território, o carro elétrico leva vantagem perante o a combustão. O anda e para do trânsito faz com que o sistema regenerativo recarregue parte das baterias, ao passo que o esforço do motor elétrico para colocar o carro em movimento é menor que o motor a combustão.

Além disso, para carregar totalmente o JAC iEV40 em casa o custo médio é de R$ 15 contra mais de R$ 100 para abastecer qualquer carro movido a etanol e/ou gasolina. O problema está justamente no momento de carregar. Caso esteja em uma cidade com infraestrutura precária ou com poucos eletropostos, terá problemas.

Para carregar 80% da carga, são necessários 40 minutos – já para atingir 100% é preciso esperar mais de 4 horas em um carregador rápido ou wallbox. Com isso, cria-se o tal do range anxiety, que é a ansiedade causada pela autonomia de um carro elétrico. O motorista fica com medo de não chegar ao seu destino com a bateria que tem – problema visto em todos os carros elétricos.

Caso tenha uma tomada em casa ou no trabalho, esse inconveniente é facilmente contornado ao deixar o iEV40 plugado enquanto trabalha ou descansa. Assim, as baterias estarão sempre prontas para o uso quando necessário. Mas pegar estrada com o JAC elétrico pode ser um problema se eletropostos não estiverem no caminho.

Um carro elétrico na estrada sofre mais que um modelo a combustão, gastando mais energia para se manter em velocidade constante. E como o iEV40 tem sistema regenerativo, ele começa a frear assim que o pedal do acelerador não é mais acionado.

Com isso, é preciso ficar acelerando e removendo o pé constantemente com muita delicadeza. Apesar desse revés, basta um leve cutucão no acelerador para que o JAC iEV40 ganhe velocidade.

Conclusão

Comprar um carro elétrico no Brasil hoje ainda é complicado, especialmente quando se trata de um chinês que ainda (infelizmente) sofre muito preconceito do mercado. O JAC iEV40, porém, se prova um ótimo para o que se propõe e com custo reduzidíssimo de manutenção e abastecimento.

O JAC iEV40 é sim um bom carro como um todo. A grande questão é que o seu maior problema não está nele. Ainda se faz necessária evolução na estrutura do país para receber carros elétricos e mais incentivos fiscais para que o preço fique de fato atrativo. É uma aposta, mas tende a agradar aos que sabem os sacrifícios que serão necessários.  

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