18/12/2019 - João Brigato / Fotos: João Brigato / Fonte: iCarros
Pode contar nos dedos quantos esportivos acessíveis existem no Brasil. Agora quantos deles são hatches e com câmbio manual? Só um: o Renault Sandero RS. Até pouco tempo atrás havia o Peugeot 208 GT, mas vendeu tão pouco que quase ninguém se lembra. E por R$ 69.690, o Sandero RS ainda é uma pechincha pelo que oferece.
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O fato custo por diversão é muito alto aqui, o que faz do Sandero RS o melhor Renault à venda no Brasil. É claro que se você precisar de espaço para carga uma Master ou uma Oroch te servirão melhor, ou se precisa de economia de combustível talvez deva olhar um Kwid. A questão é o nível de acerto que esse carro traz.
Teoria e prática
No papel, o Renault Sandero RS pode até não empolgar tanto assim. São 150 cv e 20,9 kgfm de torque providos por um motor 2.0 quatro cilindros aspirado originário da Scénic. No entanto, a Renault Sport soube trabalhar muito bem com o material que tinham, tirando o máximo desse 2.0 aspirado.
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Ligado a ele está uma excelente transmissão manual de seis marchas. Os engates são muito curtos e precisos, sendo ótimos para uma tocada mais esportiva. Com esse conjunto, o Sandero RS acelera com vigor, enchendo o motor rápido e ganhando velocidade com certa facilidade.
Tudo bem que boa parte desse efeito é exagerado pelas relações extremamente curtas do câmbio, que fazem a rotação subir bem rápido e criam a sensação de que o Sandero RS acelera mais do que de fato consegue.
O incômodo dessas relações curtas é que a 100 km/h o giro bate os 3 mil rpm mesmo em sexta marcha. Vale lembrar que ele chega à essa velocidade em apenas oito segundos: tempo que pertencia a muito esportivo de antigamente.
Além disso, na cidade é preciso trabalhar muito com embreagem e alavanca de câmbio, fazendo trocas constantes mesmo em baixas velocidades. Ao menos o motor tem bom torque e respira bem em baixas rotações, mostrando uma boa disposição. Exageros à parte, dá para trabalhar só com as marchas pares ou ímpares do Sandero.
Um dos pontos mais divertidos do RS está em seu ronco. Ele é encorpado e grosso, ganhando sonoridade com o aumento das rotações. Ele invade a cabine sem pedir licença: parte da experiência que a sigla RS propõe. Pode ser um pouco irritante em velocidades constantes na estrada por muitas horas com o giro alto.
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Junte o câmbio extremamente curto, o acerto esportivo e a idade do motor que terá como resultado um consumo de combustível bem alto. São 6,9 km/l na cidade com etanol e, no máximo 11,1 km/l na estrada com gasolina. Obtivemos números pouco animadores com gasolina, não passando de 6,5 km/l na cidade e 11 km/l na estrada.
Patrono
Franceses e alemães dividem o título de criadores dos hot hatches com Peugeot 205 e VW Golf GTI. Fica claro que quando eles se propõem a fazer um hatch esportivo, sabem o que estão fazendo. O Sandero RS prova isso nas curvas. E como prova.
Enquanto seu irmão Logan com câmbio CVT e suspensão elevada é um tanto quanto perigoso em curvas mais rápidas, o Sandero RS mostra que esse é seu habitat natural. Com rodas de liga-leve de 17 polegadas calçadas em pneus Michelin PS4, ele gruda no asfalto como uma criança segura um pirulito.
O RS contorna estradas sinuosas com impressionante facilidade, sem dobrar a carroceria ou que os pneus experimentem cantar. Outro trunfo desse conjunto está na suspensão, que tem molas 92% mais firmes na dianteira e 10% na traseira: medida certa para o comportamento esportivo que ele se propõe.
É claramente mais duro que um Sandero, nada preparado para andar em estradas de terra como o Stepway, mas não duro o suficiente para fazer sua convivência na cidade ser insuportável. Tudo bem que a coluna vai reclamar algumas vezes e algumas batidas secas vão tirar seu ar, mas lembre do jeito que ele faz curvas que tudo passa.
Enquanto no Captur Bose a direção eletro-hidráulica mostra peso excessivo para o SUV e lentidão, aqui no Sandero RS o conjunto casa melhor. A direção ficou mais responsiva e rápida, transmitindo bastante da superfície do asfalto, além de ter a firmeza que se espera em um esportivo.
Degrau acima
O fato de o volante ser acolchoado, a ponto de ser possível apertá-lo, ajuda nessa sensação de sofisticação a mais que o RS tem em relação aos demais Sandero. Os bancos, sinceramente, são os melhores assentos que um carro de menos de R$ 100 mil tem à disposição no Brasil.
Eles têm apoios laterais bem pronunciados e espumas de densidade mais firme, que permitem manter o corpo no lugar em curvas mais fortes ao mesmo tempo em que deixa a coluna alinhada para dirigir por horas. Revestido de tecido, ele mantém a pegada esportiva mais agradável que o couro.
A posição de dirigir é notavelmente baixa, mais uma evidência de sua pegada apimentada. Os assentos foram posicionados alguns centímetros abaixo do que é o padrão do Sandero. Com isso, o espaço traseiro, um dos maiores trunfos do carro, foi notavelmente sacrificado. Ao menos o porta-malas de 320 litros continua inalterado.
Feito para o RS
Apesar de ter sido o Sandero que menos mudou na reestilização, o RS foi o que mais se beneficiou. As lanternas espichadas com iluminação de LED casaram muito bem com o desenho do esportivo, parecendo ter sido pensadas para ele. Assim como o Stepway, há lente escurecida e área em cinza escuro.
Os para-choques não mudaram, tanto dianteiro quanto traseiro. Ele manteve a saída dupla de escape e falso extrator de ar atrás, ao passo que a dianteira traz ainda LEDs na entrada de ar inferior. Não foi dessa vez que ele ganhou os faróis com LEDs diurnos e uma face nova: até ver a traseira, parece um Sandero RS antigo.
O que também não mudou foi o interior e ali estão alguns de seus problemas. Por mais que os bancos e volante sejam ótimos, o acabamento em geral está bem aquém. Os plásticos são duros e bem rígidos, além disso, tendem a fazer barulho e ranger com certa facilidade. Comportamento que é encorajado pela suspensão dura.
A ergonomia melhorou, sendo até mesmo mais bem planejada que a do Captur, mas mantém alguns elementos incômodos, como a central multimídia baixa com porta USB que deixa cabos pendurados pelo interior. O ar-condicionado automático tem operação facilitada, mas peças de aspecto barato.
Conclusão
Achar um carro mais divertido que o Renault Sandero RS pelo mesmo valor é tarefa somente para o mercado de usados. Ele é um esportivo à moda antiga, com motor aspirado, câmbio manual e um incrível devorador de curvas. Ainda assim, pode ser gastão demais para o mundo real e carece de um acabamento mais bem cuidado. Se para você está tudo bem sacrificar esses dois elementos, levará o melhor carro que a Renault faz no Brasil.
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