25/09/2019 - Thiago Moreno / Fotos: Thiago Moreno / Fonte: iCarros
Pasmem, pleno 2019 e não tinha andado em nenhuma versão do Nissan Kicks. Todos querem saber de Honda HR-V, Jeep Renegade e Hyundai Creta e esquecem de outras boas opções na entrada. Uma delas é o Kicks, que na versão S manual custa R$ 78.990. Nem tão caro quanto a trinca citada, nem tão simples quanto o mais barato Renault Duster. E, na minha opinião, é a melhor combinação do modelo.
Eu não compro o carro automático e esse é o motivo
A primeira questão que será certamente levantada por aqui será o motivo de pagar tanto em um carro que ainda possui câmbio manual. Primeiro, pessoalmente, não me vejo comprando um carro automático, pois o meu trajeto rotineiro casa-trabalho-casa é feito de moto. Então a desculpa do trânsito não é válida para mim. Salvo algum carro que eu queira muito e não tenha outra opção.
Segundo: se você está optando por um carro automático para reduzir o estresse do trânsito, não seria melhor olhar outras opções de locomoção ao invés de colocar um carro a mais na rua? Além de piorar o trânsito, ele ainda iria trazer mais gastos, em alguns casos, do que utilizar aplicativos de carona compartilhada ou até mesmo patinete elétrico.
E terceiro – e essa é uma visão de quem anda de moto em São Paulo (SP): sem precisar dar atenção às trocas de marcha, o proibido uso do celular ao volante tem se alastrado. É olhar dentro de um carro automático e ver um motorista no diacho do smartphone. Como o carro faz a maior parte das coisas hoje em dia, a tentação é forte.
Claro, temos os casos do PCD, veículos com desconto para pessoas portadoras de necessidades especiais. Aí realmente não tenho como defender um carro manual. O mesmo vale para taxistas e motoristas que passam o dia inteiro dirigindo. Vocês merecem realmente o câmbio automático.
PCD é mais pelado que a versão pelada
Para o PCD, no entanto, é melhor ficar atento. As versões específicas de vendas diretas com câmbio automático costumam ser menos equipadas até mesmo que as versões de entrada com câmbio manual. Claro, são automáticas. Mas é incrível ver o esforço que as montadoras fazem para manter o preço.
Veja os detalhes do Nissan Kicks S MT em vídeo
No caso do Nissan Kicks, a versão S Direct CVT para PCD pode custar R$ 68.640, mais de R$ 10 mil a menos que o S manual, mas perde a central multimídia, o acendimento automático dos faróis, os detalhes cromados da grade dianteira, luz de posição com assinatura de LED (não é DRL) e até mesmo o tampão do bagageiro.
Se você tem direito às isenções, você realmente precisa dessa versão automática e não vai se incomodar tanto com os itens perdidos, até mesmo porque os concessionários ficarão felizes em colocar mais equipamentos na versão PCD como acessórios cobrados a parte.
Só que, se você não tem direito ao PCD e faz questão do câmbio automático, separe R$ 7.000 a mais, pois o Kicks S CVT custa R$ 85.990. Além do descanso à perna esquerda, você ganha apenas o piloto automático como item extra.
Nissan Kicks S MT 2020: itens de série
A Nissan apresentou a linha 2020 para o Kicks no último mês de maio. Sem alterações visuais ou mecânicas, as novidades se concentraram na tabela de equipamentos de fábrica. Somente na versão S manual avaliada, o SUV ganhou a luz de posição com assinatura de LED (não é DRL), assistente de partida em rampa e controles de tração e estabilidade. Além disso, a central multimídia com espelhamento de smartphones via Android Auto e Apple Car Play passa a ser item de série no lugar do antigo rádio com Bluetooth.
Sem contar essas novidades, o Nissan Kicks com câmbio manual traz de fábrica direção com assistência elétrica, ar-condicionado, trio elétrico, alarme perimétrico, comando da multimídia no volante, computador de bordo, ajuste de altura para o banco do motorista, volante com ajustes de altura e profundidade, banco traseiro bipartido e rodas de aço estampado de 16” polegadas com calotas. Fica a ressalva para os vidros elétricos, presentes nas quatro portas, mas com função um toque apenas para a descida do vidro do motorista.
Mecânica e medidas do novo Kicks 2020
Ah, como é bom usar o termo “mecânica” sem medo de vocês se confundirem com o tipo de câmbio. Dito isso, o motor é mesmo para todos os Nissan Kicks, independente de versão. O 1.6 16V de quatro cilindros é flex e entrega 114 cv de potência e 15,5 kgfm de torque, seja com etanol ou com gasolina. A transmissão nesse caso específico do carro avaliado é manual de cinco velocidades.
Com esse conjunto, o consumo declarado para o Kicks S MT é de 7,8 km/l com etanol na cidade e 9 km/l na estrada. Para gasolina, respectivamente, são 11,1 km/l e 13 km/l. Para comparação, a mesma versão com câmbio automático CVT faz 7,7 km/l com etanol ou 11,4 km/l com gasolina na cidade, enquanto os números rodoviários são 9,4 km/l com etanol e 13,7 km/l com gasolina.
Para quem achou pouca a potência do motor 1.6, vale lembrar que o carro com câmbio manual tem 1.109 kg, leve para o segmento. Com a transmissão automática, o carro fica 20 kg mais pesado. Nas medidas, o modelo tem 4,29 m de comprimento, 1,59 m de altura, 1,76 m de largura e 2,62 m de entre-eixos. O porta-malas abriga até 432 litros de bagagens.
Achei que só o VW T-Cross TSI poderia ser divertido: ERREI!
Olhando o visual do Kicks, praticamente o mesmo desde o lançamento, vocês poderiam sugerir um facelift. Mas fica a pergunta: precisa? O Nissan parece não ter envelhecido tanto quanto alguns de seus rivais. Ele era diferente no lançamento e continua sendo hoje. Nesse quesito, ele está bem, ainda mais considerando a diferença de preço dele para os figurões do segmento.
Por dentro, não tem muito o que fazer, todos os materiais são de plástico rígido. Nessa faixa de preço, inclusive, você não encontra nada muito diferente disso para um SUV. Ao menos o visual não desagrada, as peças estão bem alinhadas e não há rebarbas visíveis.
O que me agradou mesmo foi o conforto dos bancos. Passei horas dirigindo o carro, incluindo trânsito pesado e dos assentos não tenho do que reclamar, mesmo após muito tempo de anda e para utilizando embreagem e alavanca de câmbio. Por outro lado, o carro se mostrou um tanto ruidoso no dia a dia.
O motor é aspirado e para extrair o melhor dele é preciso trabalhar as marchas e dar giro, daí surge o ruído de motor. Abrindo o capô temos uma resposta: há pouco material fonoabsorvente na peça. A 120 km/h, o motor mantém cerca de 3.500 rpm e o ruído se mistura com os de vento e rodagem que surgem após os 90 km/h dentro do carro.
Até lá, no entanto, é carro quieto. Espaço para quatro adultos é farto e a linha do teto mais reta até o bagageiro privilegia o espaço para a cabeça. O bagageiro é largo, fundo e sem muitas intrusões, o que facilita seu uso.
Mas e dirigindo? Eu não sou particularmente fã dos câmbios do tipo CVT, mesmo entendo que eles são mais eficientes que outras opções, incluindo o câmbio manual. Só que, a partir do momento que é o câmbio que decide em qual rotação o motor tem que estar, e não o motorista, cria uma sensação estranha de desconexão com o que está acontecendo. Câmbio manual? Zero problemas com isso. O Kicks vai seguir na tocada do motorista.
Sendo leve, o SUV da Nissan passa uma impressão de agilidade maior que a de outros rivais. É difícil falar de diversão atrás do volante de um utilitário esportivo, mas foi o que ocorreu com o Kicks. Depois de ter andado no VW T-Cross TSI manual, achei que não veria mais esse tipo de coisa acontecer. Errei!
O Kicks gosta que você estique as marchas e aprenda o que o motor pode entregar. Mesmo com suspensão bem convencional (McPherson na frente e eixo de torção atrás), fez curvas como um hatch pequeno, respondendo rápido ao volante e mostrando pouco rolamento de carroceria. Prova disso é que os pneus não saem assobiando em qualquer curva, mostrando que não estão sendo exigidos ao limite. Leveza é melhor coisa: resolve desempenho, consumo e dirigibilidade.
Na prática, para quem não está comprando um carro como Dominic Toretto compra um Dodge Charger de arrancada e só querem um carro para passear com a família, isso se traduz em SUV que não impõe medo e não parece que vai tombar virando a esquina.
Em conclusão, o Nissan Kicks S MT é um grande “quem disse que SUV não pode ser divertido?”. Não só pelo câmbio manual, que deixaria até um carrinho de mercado divertido, mas pela leveza que deixa o carro fazer curvas sem comprometer a segurança e o conforto.
Se você tem família que está pedindo um SUV, mas gosta de seu hatchzinho divertido, a opção da Nissan oferece o espaço extra sem abrir mão dos motivos que te fazem ter prazer ao dirigir. Um equilíbrio raro hoje em dia. Além disso, o pulo de preço de hatch premium para o Kicks S MT não é tão grande quanto em alguns rivais que, hoje, infelizmente, já estão partindo dos R$ 90 mil e nem a opção de câmbio manual oferecem.
Se você valoriza quem ainda te deixa escolher, escolha um Kicks e seja feliz, ou um T-Cross manual se você quiser ter o “plus a mais” do turbo. Sinceramente, tanto faz e é bom saber que há esperança para quem gosta de dirigir. E por dirigir eu entendo você dirigir mesmo, não ligar o carro e esperar que ele faça tudo para você.
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