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iCarros fala sobre o Salão

Equipe que fez cobertura do evento comenta suas impressões sobre a 26ª edição do Salão

08/11/2010 - Anelisa Lopes, Fernando Pedroso e Gustavo Zucchi / Fonte: iCarros

Amadurecimento do mercado e forte concorrência
Anelisa Lopes


Os jornalistas que trabalham no setor automotivo, assim como os que atuam em outras editorias, acabam tendo contato com uma série de informações privilegiadas. É comum, por exemplo, saber qual modelo sairá de linha e qual será o principal lançamento de uma marca. Claro que existem as exceções; há projetos guardados a sete chaves nas pranchetas dos engenheiros, mas esta situação não se aplica ao que acontece no Salão do Automóvel.

Nos meses que antecedem a feira, principalmente na última semana, já é possível saber o que será destaque nos estandes; este é um procedimento comum nesta área. Assim foi em todas as edições do Salão que fiz cobertura como jornalista (2004, 2006, 2008 e 2010), não só em São Paulo, como em outros salões fora do País.

Dessa forma, sabemos antecipadamente quais montadoras trarão novidades, quais serão as grandes estrelas do evento e aquelas que deverão chamar a atenção do público. O processo facilita muito o trabalho, mas tira um pouco do efeito surpresa. Raramente, nos deparamos com algum lançamento inédito cuja aparição foi mantida como segredo pelo fabricante.

O Salão deste ano não seguiu outro caminho. Quase 90% das estreias já haviam sido divulgadas pelos fabricantes antes do início da feira. O estande da Volkswagen , com o novo Passat, e o da Kia, com vários lançamentos, são exemplos que saíram da regra geral e surpreenderam os jornalistas. 

A edição 2010, no entanto, reservou uma peculiaridade. Após os sucessivos recordes da indústria, tanto em produção como em comercialização, e os investimentos em novos projetos nos últimos dois anos, o evento não só apresentou carros novos como também reservou espaço para novas marcas, principalmente de chineses e importadores de luxo.

Se por um lado, cinco marcas chinesas firmaram seus planos no País (JAC Motors, Chery, Haima, Brilliance e Lifan), quem decepcionou foram as japonesas Toyota e Honda. Sem grandes destaques, deram atenção aos carros conceitos e híbridos; a Toyota apareceu com a versão 4x2 do RAV4 apenas. A exceção fica por conta da Nissan, que mostrou o popular March, prometido para o ano que vem.

Por mais que já fosse esperado pelos jornalistas, o que se viu no evento foi um show room, cujos valores partiam de R$ 23 mil e chegavam a R$ 10 milhões, em uma concorrência de fazer inveja a diversos mercados. A entrada em massa de carros chineses e de luxo marca uma nova fase da indústria nacional. Esse cenário comprova  o interesse das matrizes e o amadurecimento do mercado brasileiro de automóveis.

A vez das coreanas e chinesas
Fernando Pedroso


O Salão do Automóvel de 2010, para mim, ficará marcado como o pontapé inicial das marcas chinesas no Brasil e, por consequência, no mundo, já que somos o quarto maior mercado. E é pelo grande volume de vendas e a baixa exigência do consumidor que essas marcas novas escolheram nosso País para avançar e mostrar forças.

Na verdade, algumas já até vendiam seus carros aqui, como a Chana e a Chery, mas o Salão trouxe fabricantes como a JAC, a Hafei e a Brilliance, que, ao lado da Chery, têm linhas mais completas e produtos com qualidade próxima do aceitável. Vendo os carros de perto, dá para notar que eles ainda têm muito que melhorar, mas o preço e o pacote de equipamentos serão o verdadeiro diferencial para emplacar. E acho que emplaca.

Já consolidadas, as marcas coreanas surpreenderam. A Hyundai, não pelos lançamentos, mas pelo discurso de querer entrar no grupo das quatro grandes, desbancando a Ford. Do novidade, somente  o Sonata, que chega para disputar mercado com o Ford Fusion e Chevrolet Malibu, em um segmento abaixo do Azera.

A Kia, por sua vez, abusou dos lançamentos. Apresentou o Cerato hatch, o Koup, o Sportage e o Optma. Entrou também no mundo dos flex, com o Soul. Foi o estande com o maior número de lançamentos, certamente. Quem chegou perto foi a Volkswagen, com as novas gerações do Jetta, do Passat e do Touareg. Na linha Gol, a única novidade foi o conceito Saveiro Rocket. A líder Fiat foi discreta, dando atenção somente ao lançamento do Bravo e à versão Sporting de Uno e Siena. Os conceitos Mio e Uno Cabrio também atraíram olhares.

Crescimento para 2012
Gustavo Zucchi

A importância do Salão do Automóvel de São Paulo 2010 não deve ser medida em número de lançamentos, novidades, ou ainda surpresas. Muito menos pelas estrelas da festa, ou pela quantidade de público presente. O destaque do Salão do Automóvel 2010 é o bom momento do setor automobilístico brasileiro e a expectativa de crescimento para os próximos anos.

Foi comum escutar em todas as coletivas de montadoras: "Queremos crescer, queremos aumentar a produção, vamos brigar para sermos líderes do mercado"- e não é apenas retórica. As apostas no Brasil são um dado concreto. A entrada das chinesas é uma das provas do momento do mercado. O aumento do mercado de luxo brasileiro é outro (como a chegada do Camaro e o anuncio do Vorax).

O Salão foi, na verdade, uma grande comemoração, cercada de expectativas do futuro. A pergunta que fica com o fechamento das portas do Anhembi é: como será em 2012? Com dois anos do novo governo, e a necessidade de controle da inflação, além de controle do déficit comercial, o setor automobilístico se junta a outros setores na economia junto com a dúvida do que será o Brasil.

Será que com o fim da crise nos EUA e na Europa o mercado brasileiro continuará crescendo, tanto internamente quanto externamente? Será que as chinesas vão se consolidar aqui, ou somente aproveitar o bom momento e migrarem para outros mercados? As montadoras estão trabalhando para isto, a resposta de se vão conseguir só daqui a dois anos, na 27ª edição do Salão de São Paulo.



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