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A arte de requentar

27/05/2010 - Mário Valiati / Fonte: iCarros

Lembro que quando era jovem, na década de 70, já gostava muito de carros... de desenhar todos os tipos, passava horas folheando revistas, lendo tudo que podia, ficava encantado com as formas. Mas, curiosamente, só olhava o que tinha lá fora. Gostava dos esportivos e alguns mais marcantes. Confesso que, quando novo, eu não tinha muita curiosidade com o que havia por aqui, porque já sabia que eram carros que não estavam mais em linha em seus países de origem. De garoto a adolescente, fui crescendo vendo sempre os mesmos carros. Um ano mudava uma lanterna; no outro ano, o farol passava de redondo para quadrado, uma calota diferente, frisos etc. Mas mudar tudo, o que seria bom, não mudava. A falta de concorrência com algo mais moderno era ajudada pela reserva de mercado, que impedia de se importar carros e outros bens. Ficamos congelados no tempo, sem novidades. Até que, em 1992, com a reabertura das importações, uma luz apareceu no fim do túnel. Lembro até hoje do primeiro carro que desembarcou aqui: um BMW 325i, design impecável até hoje. Também vieram os Lada. Tudo bem, conseguiam ser mais antigos que os que já estavam aqui, mas não deixavam de ser uma forma de competir, porque vinham com preços tão baixos que compensavam o atraso. Enfim, a competição fez os fabricantes se mexerem um pouco – não tanto como gostaríamos -, descontamos um pouco o atraso com algumas novidades. A era das mudanças de calota, lanterna, frisos, parecia ter terminado. As fábricas mudaram alguns carros inteiramente. A aportagem de fábricas japonesas como Honda e Toyota, com modelos sempre atualizados com o mercado internacional foi um colírio. Carros modernos, equipamentos que só estavam em carros top de linha, como airbag, ABS, começaram a ficar comuns em carros pequenos. Porém... Um pequeno freio nas importações, com impostos elevados para, novamente, proteger a indústria locaL, praticamente engessou a oferta de carros mais baratos. O que todos nós temíamos está retornando aos poucos: carros defasados, fora de linha em outros países, continuam vingando aqui. Todas as grandes mantÊm modelos antigos, requentando o styling externo para dar uma sobrevida sabe-se lá até quando. Ok, não mudam mais somente as lanternas e calotas, mudam partes da lataria também. Mas estas mudanças, na maioria das vezes, são infelizes. Um dos desenhos que mudou mais recentemente foi o do Ford Fiesta. Certo, as previsões dizem que o modelo atual da fábrica vem em breve. Por que, então, mudar um carro que, na minha opinião, era tão bem resolvido? A mudança principal foi na dianteira, trocando toda a lataria frontal – capô, para-lamas, para-choques, faróis. O novo conjunto dianteiro, se olhado isoladamente, é agradável e bem resolvido. Porém, entra em dissonância com o desenho geral do carro. Toda a carroceria tem desenho anguloso e retilíneo, na nova atualização inseriram uma frente totalmente arredondada, que não tem absolutamente nada a ver com o conjunto geral. Conseguiram estragar um desenho que beirava a perfeição em termos de styling. A primeira versão da carroceria atual era um primor de harmonia e bom gosto. Na segunda mudança, eu já tinha torcido o nariz um pouco porque colocaram uma frente um tanto abrutalhada no carro, que tinha linhas delicadas e certinhas. Este é um dos carros que nunca deveria ter sido mexido. Neste caso sim, concordo que uma calotinha ou lanterna novas rejuvenesceriam sem comprometer o conjunto. Outro que mudou recentemente foi o Chevrolet Classic, que herdou o ferramental que foi aposentado da China. Pois é, a história do passado volta a nos assombrar. Carros que saem de linha lá fora e são lançados como novidade aqui. Meu único consolo é ver a chegada dos chineses. Vi o Chery Cielo e gostei muito do carro. Aparência bem elaborada, fartura de equipamentos e preço muito baixo. Pelo que vi também, os crash testes foram muito bem sucedidos neste modelo. É, eles aprenderam rápido. Tomara que façam, mais uma vez, os fabricantes locais tirarem o mofo dos projetos engavetados e sacudam o mercado. Nós precisamos disto. Concorrência é tudo.
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