Passaporte carimbado

Carros que circulam pelas ruas norteamericanas e europeias usualmente são mencionados como sinônimo de qualidade e beleza para os brasileiros. Além disso, muitos dos modelos que circulam nestes mercados são uma amostra do que o Brasil deverá receber nos próximos anos. Outros, porém, continuarão no imaginário de quem é apaixonado por automóveis.

De uns anos para cá, mais precisamente durante a crise econômica, cujas consequências começaram a dar as caras em 2008, no entanto, esta referência já não é mais tão segura. Isso porque os centros de desenvolvimento das montadoras passaram a deixar os países de primeiro mundo, como Estados Unidos, Alemanha e França para se instalar nos mercados chamados emergentes e representados pelo Brasil, Rússia, Índia e China (BRIC). Dessa forma, os investimentos, as equipes de design e engenharia começaram a se alocar nestas regiões, lucrativas e prósperas para os fabricantes.

Exemplos para comprovar este processo de transição podem ser apontados como o lançamento mundial de carros de luxo na China - como Audi Q5 e Mercedes-Benz GLK -, a construção de plataformas globais na Índia e o desenvolvimento de modelos no Brasil para serem vendidos especificamente na América Latina, caso do recém-lançado Citroën AirCross e da picape Peugeot Hoggar.

Diferentemente do que acontece na China e na Índia, entretanto, falta ainda ao Brasil a ocorrência de estreias mundiais, o que tem acontecido com cada vez mais incidência nos salões chineses e indianos, os quais ganharam notória importância dentro do calendário de lançamentos das montadoras.

Se um dia, a Europa e os Estados Unidos eram o ponto de partida para o início do estudo para a fabricação de um carro, hoje em dia, esta concepção pode estar mudando. Longe ainda de ser apontada como modelo - em função da sua estrutura e das criações às quais dá origem -, a indústria automotiva dos emergentes têm ganhado papel de destaque. Vale esperar para ver se os carros que ainda permanecem na imaginação dos que gostam de automóveis vire cena comum nas ruas brasileiras, indianas, chinesas e russas.