Como é pilotar um carro 1.0 em uma pista de corridas?

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Durante o evento de lançamento da linha 2019 do Ford Ka, o hatch 1.0 e outros dois rivais foram colocados à prova no circuito de Velo Cittá em Mogi Guaçu, interior de São Paulo e comprovamos: é possível se divertir muito com um hatch 1.0 na pista. Contamos agora tudo sobre a experiência. Se você quer conferir a avaliação do Ka 1.0, clique aqui.

Sai cidade, entra pista

Por essência, o habitat natural dos carros 1.0 não turbinados é a cidade. As fabricantes privilegiam a redução de consumo de combustível e um bom comportamento em velocidades que não ultrapassem os 60 km/h. Na estrada, muitos modelos parecem fora de sua zona de conforto, com pouca potência e rotações lá em cima. E na pista?

É preciso trabalhar bastante com a transmissão em um circuito. Como o pico de potência e torque dos modelos 1.0 está nas rotações mais altas, é praticamente uma regra manter o motor cheio para que as respostas sejam mais rápidas e o carro ganhe velocidade. Giro abaixo das 3.000 rpm? Reduza a marcha e deixe o motor encher.

Uma das peculiaridades de Vello Cittá é seu terreno com elevações e declives, além das curvas bastante fechadas. E é nesse momento que um carro 1.0 sofre mais. Em uma das subidas logo após de uma curva fechada, Ka, Onix e HB20 sofreram para ganhar velocidade e somente ao fim do morro antes de outra curva o ponteiro colou na faixa vermelha.  Uma característica presente nos três modelos dirigidos era a falta de força inerente ao engatar a terceira marcha: todos eles pareciam perder a vivacidade e até a vontade de andar tão rápido assim.

O segredo para a diversão em um carro com menos de 90 cv na pista está na dinâmica: por serem leves e pequenos, é possível deixar para frear no limite da curva, não perdendo o embalo. Nessa hora, um conjunto de suspensão bem acertado faz toda diferença, já que permite curvas em velocidades mais altas com o carro firme no chão sem sair de dianteira ou escorregar.

Os pneus, feitos para rodar na cidade e estrada, mas nada preparados para um circuito, cantaram o tempo todo, só que isso tudo faz parte da diversão. O som da borracha sendo consumida pelo asfalto aponta o limite de cada um dos carros antes de começar a desgarrar. Alguns delizes controlados ajudam a deixar tudo mais animado. 

Para pilotos não treinados ou acostumados com circuitos, levar um carro 1.0 para as pistas é uma verdadeira lição. É preciso dosar o tempo certo das marchas, fazer as trocas em milissegundos, cuidar da trajetória do volante ao mesmo tempo em que sente nas costas o carro começar a atingir seu limite. É preciso uma delicadeza de movimentos e atenção em cada ação do som, gravidade e visual que o carro produz.

Um hatch 1.0 urbano não será perfeito em um circuito de corridas, isso é bastante claro, mas para pilotos iniciantes ou para aqueles que querem apenas se divertir mais um pouco em um fim de semana vale uma reflexão: é mais divertido levar um carro 1.0 ao seu limite total do que ir à pista com um monstro de 700 cv e não desfrutar de metade de seu potencial.

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