As más notícias não param de surgir. A General Motors, maior fabricante de carros do mundo, está à beira do colapso. As ações da empresa nunca custaram tão pouco (cerca de US$ 2) e tudo indica que, se não houver um belo pacote do governo dos Estados Unidos, a marca - que é responsável pelos nomes Buick, Cadillac, Chevrolet, Opel e Saturn, entre outros - vai quebrar rapidamente. E, embora o presidente eleito, Barack Obama, seja favorável ao socorro, representantes do governo atual já avisaram que são contra a distribuição de dinheiro para as fábricas.
Se a GM quebrar agora, a decisão deverá ser tomada pelos homens de George W. Bush, o pato manco que já não detém nenhum poder, mas que não deve mover uma palha pelas montadoras. É por isso que os executivos da GM estão tentando, de todas as formas, tentar respirar até o começo do próximo governo, quando - espera-se - será anunciado um novo pacote de socorro à indústria americana. Ford e Chrysler não estão em situação muito melhor, ressalte-se, mas a situação da GM é bem pior que se supunha.
Um dos panoramas possíveis, em caso de falência, seria a compra dessas empresas pelas marcas asiáticas. As japonesas seriam as primeiras opções, mas já se fala em empresários indianos e sul-coreanos de olho na situação. Outro cenário comentado, que seria o desaparecimento desses fabricantes, parece menos provável neste momento, mas não impossível.
Para o consumidor, ficam várias dúvidas. Como fica a situação de quem compra um carro de uma marca que acaba falindo pouco depois? Haverá peças e assistência técnica? Como fica a questão da garantia? E o valor de revenda? Responda com sinceridade: se você morasse nos Estados Unidos, aceitaria comprar um automóvel zero-quilômetro de uma empresa que faz um comunicado público implorando ao governo federal por recursos? Pois foi o que a Chrysler fez nesta semana.
Olhando para o Brasil, o cenário é bem diferente. Ford e GM são bastante lucrativas aqui. Impedir que a crise nas matrizes respingue no sucesso brasileiro será um grande desafio. Mas o resultado pode ser bom: quando a Fiat esteve à beira da falência, no começo da década, não houve danos à imagem da marca aqui, muito menos às vendas. E a Fiat italiana se reestruturou e conseguiu sobreviver. Em boa parte graças ao dinheiro remetido pela filial brasileira. É verdade que a Fiat é, em termos globais, bem menor que a GM, a Ford ou a Chrysler. Mas foi um belo susto que foi superado. Um exemplo de que a crise não tem só facetas ruins.
Eduardo escreve às quartas